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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Invasor(es), de Roberto Alvim, engata temporada no Centro Cultural São Paulo

O texto de Beatriz Carolina Gonçalves tem diálogos ágeis e rubricas incorporadas às falas. Com ação ambientada no campo, durante a época das chuvas, a peça trata da complexidade das relações afetivas entre um homem e uma mulher, vividos por Paula Cohen e Joca Andreazza

Após temporada de estreia no Sesc Pompeia (até dia 7 de julho), a peça Invasor(es) emenda temporada agora Centro Cultural São Paulo, a partir de 19 de julho, sexta-feira e sábado às 21h e domingo às 20h, no Espaço Cênico Ademar Guerra. Com texto deBeatriz Carolina Gonçalves e direção de Roberto AlvimPaula Cohen e Joca Andreazza dão vida aos personagens, em diálogos ágeis, permeados por vazios, que deixam ao espectador a tarefa de preencher as lacunas, relacionando as informações e desvendando as relações subterrâneas ao discurso.

A temporada no CCSP oferece uma promoção para estudantes da rede pública. Em todas as sessões serão disponibilizados 20 ingressos gratuitamente para alunos do ensino médio, mediante a apresentação da carteira de estudante. Além disso, haverá uma apresentação promocional no dia 26 de julho, sexta-feira, com ingressos a R$ 3,00.

A ação se passa no campo, onde vivem Ele e Ela. Durante a época das chuvas, o volume das águas de uma represa local ameaça inundar as plantações. Um grupo de fazendeiros da região decide então abrir as comportas da represa, inundando a cidade que fica rio abaixo. Além das consequências do ato irreversível, um acampamento amedronta os donos da terra. É nesse contexto violento e perigoso, acuados pela presença inesperada de um intruso, que os personagens revelam sua história.

A autora incorpora as rubricas ao texto dramático e estabelece uma base lógica entre um dilema moral, ou a ausência dele, diante da cumplicidade com a violência e o torpor que acomete os personagens. “Em 2010, devido às chuvas, as represas em várias partes do Estado estavam em seu nível máximo. Li num blog que, numa cidade do Interior, a população se organizou e abriu as comportas do reservatório local. O ato ficou na minha cabeça e deu origem ao argumento da peça”, explica a autora.

Para o diretor Roberto Alvim, a trama flutua entre aspectos políticos e psicanalíticos. ”Um casal proprietários de um latifúndio defende-se da ameaça de invasão por locais, ao mesmo tempo em que, fechados em uma casa de fazenda claustrofóbica, vivem imersos em uma relação doentia, carregada de tensão sexual. A relação de posse termina mergulhando ambos em uma vertigem de memórias e emoções contraditórias.”

A peça está focada na relação que mantém unidos os personagens, mas a violência do entorno não deixa de dar cor à ação. “Acho extremamente oportuno discutir a violência no campo e a degradação do meio-ambiente, pois são questões urgentes, e pouco discutidas em nossa literatura dramática. Mas que ninguém espere um texto político. A história gira em outra chave: a do afeto, rejeição e dependência entre os personagens”, diz a autora.

A montagem
A encenação de Alvim procura desvelar essas possibilidades e confrontar o espectador com o fato de que a esfera política e o campo do inconsciente se misturam de modo inseparável. “Trata-se de questões eminentemente atuais, ligadas à luta travada diariamente em nosso país, já há muito tempo. Embora trafegue por um caráter social urgente, também alcança temas ligados à posse e à proteção daquilo ou daqueles que supostamente nos pertencem. Aliás, quem é o invasor nesta obra?”, questiona o diretor.

A montagem segue a linha minimalista com a qual o diretor vem trabalhando. O cenário, assinado a quatro mãos por Simone Mina e Roberto Alvim, traz poucos elementos cênicos que remetem a uma casa de fazenda: uma cabeça de boi, troncos de madeira pelo chão, uma cadeira, um back light ao fundo.

Alvim foca o trabalho dos atores na palavra e na força do texto, na imobilidade corporal e na penumbra que filtra o olhar da plateia, ora permitindo e ora impedindo o público de ver as expressões faciais dos atores. “Ali está projetada uma estrutura do inconsciente. Procuramos nos colocar no lugar existencial em que a autora estava no momento da escritura”, conclui. 

Sobre o diretor Roberto Alvim

Roberto Alvim é dramaturgo, diretor e professor de Artes Cênicas. Lecionou Dramaturgia e História do Teatro em instituições como a Universidade de Córdoba (Argentina), a Escola Livre de Teatro (SP) e a Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, além de ministrar oficinas de dramaturgia em diversos Estados, a convite do MinC. Foi Diretor Artístico do Teatro Carlos Gomes (RJ), de 2001 a 2004, e do Teatro Ziembisnki (RJ), em 2005. É coordenador do Núcleo de Dramaturgia do SESI de Curitiba. Atualmente reside em São Paulo, onde dirige, desde 2006, a companhia Club Noir, dedicada a encenar obras de dramaturgos contemporâneos. Foi vencedor do Prêmio BRAVO! Prime de Melhor Espetáculo do ano, em 2009, com a peça O Quarto, de Harold Pinter e Prêmio Especial da APCA 2012 (Associação Paulista dos Críticos de Arte) pelo projeto Peep Classic Ésquilo.

Sobre a autora Beatriz Carolina Gonçalves 
Beatriz Carolina Gonçalves é jornalista e dramaturga. Nos anos 90, fez parte do Núcleo dos 10, grupo de estudos em dramaturgia coordenado por Luis Alberto de Abreu. Em 2002 integrou o Programa de Residência Internacional do Royal Court Theatre, um dos mais importantes centros voltados à dramaturgia contemporânea, sediado em Londres. Entre os textos que escreveu para o teatro estão Esvaziamento (direção de Luiz Valcazaras, 2007); Umzé, escrita com subvenção do Royal Court Theatre e apresentada em Londres (2004) e no Brasil (direção de Helio Cícero, 2007), e A Fedra (direção de Suzana Aragão, 2006), contemplada com o Fomento para Circulação de Espetáculos Teatrais, apresentada em São Paulo e em doze cidades do interior paulista.

É curadora de programas na área de jornalismo, arte e literatura, entre eles Sarau de ideiasDa Semana de 22 ao Mangue BeatIdeias Onlin, Arte Contemporânea e Cultura Digital, Humor & Companhia, O Humor na Mídia e nas ArtesJornalismo LiterárioRadiografia Cultural: Periferia e Underground em SP, apresentados em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e em várias cidades do país, pelo Centro Cultural Banco do Brasil.

Sobre Paula Cohen

Atriz, formada pela Escola de Arte Dramática (EAD/USP). Entre os inúmeros espetáculos em que atuou, destacam-se Arena Conta Danton (direção Cibele Forjaz),Suburbia (Francisco Medeiros), Antes do Café (Celso Frateschi)Tartufo (José Rubens Siqueira), Cleide Eló e as Peras (Gustavo Machado), Navalha na Carne (Pedro Granato), A Noite Mais Fria do Ano (Rubens Paiva), Hamlet Máquina (Dimiter Gotscheff), A Doença da Morte (Márcio Aurélio). Na TV, participou dos humorísticosSob Nova Direção (2004), Retrato Falado (2004) e Dias de Glória (2002), pela Rede Globo, e também da novela Canavial das Paixões, exibida pelo SBT, em 2002. No cinema, atuou nos curtas Parabéns (2005), Ímpares (2003) e Let's Try to Forget (2000), e nos longas Avassaladoras (2002) e Por Trás do Pano (1999).

Sobre Joca Andreazza
Ator, pesquisador, educador, diretor e tradutor. Em sua carreira como ator destacam-se os espetáculos: Aqui Não, Pantaleão (1989), A Bilha Quebrada (1993), Os Lusíadas (2002), como narrador do espetáculo, e Agreste (2004) que recebeu os prêmios Shell e APCA de melhor texto, além de sua indicação de melhor ator para o prêmio Shell e Prêmio Qualidade Brasil de 2004 (categoria drama); Anatomia Frozen (2009), prêmio Cooperativa Paulista de Teatro de Melhor Elenco. Participou de todos os festivais internacionais no Brasil com a peça Agreste e esteve representando o país como convidado do Festival de Teatro a Mil (no Chile, 2005) e em Berlim na Copa Cultural (2006). Apresentou-se com aulas-espetáculo sobre Charles  Baudelaire na Livraria da Vila e na Casa das Rosas em 2009 comemorando o ano da França no Brasil. Em 2012 participou da Mostra de Comemoração dos 20 anos da Cia Razões Inversas com as peças A Bilha Quebrada, de Heinrich Von Kleist, A Ilusão Cômica, de Pierre Corneille, Agreste, de Newton Moreno e Anatomia Frozen, de Briony Lavory. Em 2012, recebeu o prêmio APCA de Melhor Ator pelas peças A Ilusão Cômica e A Bilha Quebrada.

Para roteiro:
INVASOR(ES) – Reestreia dia 19 de julho, sexta-feira, no Espaço Cênico Ademar Guerra do Centro Cultural São PauloAutorBeatriz Carolina Gonçalves.Direção e IluminaçãoRoberto AlvimAssistente de DireçãoMarcelo RoratoElencoPaula Cohen e Joca Andreazza. Direção de Produção e Administração:Texto Intermídia / Assessoria de Comunicação e Produção Cultural. Produção Executiva: Eliane SombrioTrilha SonoraFabrício Cardial. Assessoria de ImprensaArte Plural – Fernanda Teixeira. FotografiaArnaldo Pereira. Registro em Vídeo: Vanderlei Gussonato. DesignerRodrigo Sommer.

TemporadaDe 19 de julho a 25 de Agosto. Sexta-feira e sábado, às 21h, e domingo às 20h. Ingressos: R$ 20,00 (inteira). Recomendação etária: 16 anos.Capacidade: 80 lugares. Duração: 40 minutos. Promoção para estudantes da rede pública: Cota de 20 ingressos liberados gratuitamente, diariamente (sexta, sábado e domingo), para estudantes do ensino médio, mediante a apresentação da carteira de estudante. Sessão promocional no dia 26 de julho, sexta-feira, com ingressos a R$3,00.


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