Espetáculo destrincha o cotidiano de uma trupe de artistas, abordando os ensaios, a pressão que antecede a estreia, os problemas técnicos, a movimentação nos camarins e o pânico do ator antes de entrar em cena.
Restam poucas semanas para conhecer os bastidores de um espetáculo teatral com a peça Atrás do Pano - a comédia, que encerra temporada no dia 25 de novembro, com sessões sextas e sábados às 21h e domingos às 19 horas no Teatro Itália. Com direção de Marcelo Romagnoli e texto de Luiza Jorge (prêmio de dramaturgia Heleny Guariba), a montagem retrata todos os aspectos da atividade cênica, perpassando desde os ensaios até os derradeiros momentos que precedem a estreia.
Na linguagem do metateatro, a peça dentro da peça, a plateia acompanha as peripécias de uma trupe de artistas - os atores Tadeu di Pyetro, Fábio Espósito, Gustavo Haddad, William Amaral, Cleber Tolini e a própria autora Luiza Jorge - desde o ensaio até a estreia da peça Folias de Outono.
Um turbilhão de surpresas, imprevistos e trapalhadas se sucedem até que o espetáculo finalmente fique pronto. Antes que as cortinas se abram para a grande noite, o público pode ver o vaivém dos atores nas coxias e tudo o que se passa atrás do pano. Um espetáculo à parte, invisível aos olhos do público, mas tão instigante e surpreendente quanto a montagem que está em cena.
Primeiro texto da atriz e dramaturga Luiza Jorge (“foi escrito na Olivetti, eu ainda não tinha computador”), traz situações reais de quem está acostumado com os bastidores do teatro. “Muitas experiências foram vividas por mim ou contatas por colegas de palco. Para a peça Folias de Outono, a inspiração veio dos personagens e cenas clássicas do vaudeville”, conta a autora.
Sobre a montagem
Como se trata de metalinguagem, metateatro, o diretor Marcelo Romagnoli buscou marcar bem a diferença entre os dois tons de interpretação – os atores em sua realidade e o da representação. “As coxias ficam aparentes o tempo todo e acontece um jogo entre a cena e os bastidores”, revela. “O cenário ressalta essa ambivalência, ao propor um palco construído sobre o verdadeiro palco. Assim, a montagem ganha camadas que se comunicam, ora mostrando a histeria dos atores que assistem da coxia os percalços da cena, ora revelando os jeitinhos para contornar situações delicadas”, explica o diretor.
A proposta é revelar ao público o que ele nunca vê. “A direção e o texto são recheadas de surpresas e humor. A peça convida a plateia a acompanhar todo o processo da montagem de um espetáculo, como se cada espectador estivesse espiando pelo buraco da fechadura os ensaios, as coxias, enfim toda a parte técnica e emocional dos bastidores. Tudo isso é um espetáculo à parte, tão interessante quanto a peça que está em cena”, fala a autora.
Marcelo Romagnoli ressalta que dois aspectos da encenação são tratados de maneira muito contundente: “a força avassaladora que o teatro traz em si, que consegue se superar na precariedade, no erro, no desacerto, e as relações entre atores, técnicos e diretor. Todos querem fazer o melhor e acabam criando situações cômicas e absurdas”.
Satisfeito com o andamento dos ensaios (“estão ótimos, com um clima amigável e divertido”), o que Marcelo pede ao elenco é o compromisso com a diversão. “Trabalhamos levantando primeiro a estrutura toda do espetáculo e agora os atores estão "recheando" as marcações com intenções e nuances.”
Quando conversou com os criadores do cenário, da luz e dos figurinos, o encenador sabia o que desejava. “Queria que tudo levasse ao encantamento que o teatro produz, o poder quase hipnótico dessa arte.” Marcelo conta que os figurinos são cheios de vida, remetem aos vaudevilles, a um certo estilo clássico de representação.
Sobre o cenário, “é um palco sobre o palco, onde ocorre a representação de Folias de Outono, com truques, como as goteiras que assolam o ambiente, que se transforma do primeiro para o segundo ato”. No primeiro ato, os atores ensaiam. No segundo, é a noite da estreia. O diretor chama a atenção para a mudança que se vê entre os dois atos da peça: “É um elemento importante na encenação”.
Sinopse - Comedia apresenta ao público o que ele nunca vê, os bastidores do teatro, numa trama que mostra um grupo de artistas descompassados, correndo o risco de ser desapropriado do seu espaço se o espetáculo não for um sucesso. A plateia poderá acompanhar simultaneamente a encenação no palco e os imprevistos nas coxias, com direito a presenciar as trapalhadas dos atores nos bastidores.
Para roteiro:
Atrás do Pano - a comédia – Estreou 1º de setembro, sábado, às 21 horas, no Teatro Itália.
Texto: Luiza Jorge. Direção: Marcelo Romagnoli. Elenco: Tadeu di Pyetro, Fábio Espósito, Gustavo Haddad, William Amaral, Cleber Tolini e Luiza Jorge.Cenografia & Iluminação: Marisa Bentivegna. Figurinos: Anie Welter. Trilha Original: Kalau. Preparação Corporal: Anie Welter. Assistente de Direção: Carlota Novaes. Fotos - Bob Sousa. Comunicação Visual: Claudio Queiroz. Assessoria de Imprensa: Arte Plural. Web designer: Felipe Félix.Produção executiva: Lucas Scandura. Produtores Associados: Fábio Santana & Luiza Jorge. Realização: Academia de Arte e Cultura & T3rceiro Sinal Produções Culturais. Duração: 80 minutos. Ingressos: Sextas Populares R$ 20,00 inteira e R$ 10,00 meia. Sábados e domingos R$ 40,00 inteira e R$ 20,00 meia. Indicação etária: 12 anos.
Teatro Itália – Avenida Ipiranga, 344. Centro. Metrô República. Serviço de VALET. Telefone – 3255 1979. Bilheteria funciona de terça a domingo a partir das 15h. Aceita Cartão de Crédito e débito ou pela Compre Ingresso 2122 4001. Capacidade – 278 lugares. Temporada: Sextas e sábados às 21h e domingos às 19 horas. Até 25 de novembro.
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