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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

HUIS-CLOS (ENTRE QUATRO PAREDES), de Jean-Paul Sartre, ganha nova versão sob direção e tradução de Sérgio Salvia Coelho no SESC Bom Retiro

Conhecida pela frase “O inferno são os outros”, a peça escrita em 1944 pelo filósofo, dramaturgo e critico literário Jean-Paul Sartre (1905-1980) traz três personagens condenados após sua morte a viverem juntos para sempre em um salão fechado. No elenco,Claudinei Brandão (mensageiro), Marcello Airoldi (Garcin), Tatiana Passarelli (Inês) e Fabiana Gugli (Estela).
         
A estreia acontece dia 02 de novembro, sábado, às 19h no Teatro do SESC Bom Retiro.

Esta montagem se apóia, antes de tudo, na interpretação. Fabiana Gugli traz para a exuberante e amargurada Estela sua experiência no teatro expressionista de Gerald Thomas. Marcello Airoldi mergulha no fluxo de consciência de Garcin, universo próximo ao repertório de seu núcleo de pesquisa Teatro de Perto. Claudinei Brandão empresta ao mensageiro do hotel infernal seu cinismo e timing de comédia popular que marcaram a trajetória dos Parlapatões, enquanto que Tatiana Passarelli tem a radicalidade e o despojamento do teatro experimental, para construir a irreverente Inês.
O cenário assinado por Márcio Medina propõe uma estética hiper-realista, com deslocamentos, quebras de ângulos e algumas surpresas. O figurino de Mário Queiroz tem um acabamento luxuoso e pontua o lado obscuro das personagens, revelando pouco a pouco a complexidade de cada um deles. A luz de Aline Santini assume o desafio de nunca fazer um recorte ou um black-out, como exige o eterno presente do texto; mas isso não quer dizer uma monotonia simplificadora: todas as viradas e estranhamentos da ação vão sendo conduzidas pela luz. Com tudo isso, Lívio Tragtenberg compõe não uma trilha, mas uma ambientação sonora, um áudio-cenário quase só de ruídos que situa na plateia o mundo dos vivos visualizado pelos personagens.

Sinopse
Três pessoas que não se conhecem se encontram instaladas após a morte em um salão mundano, procurando entender qual o castigo que lhes espera. Presos em uma situação embaraçosa e em um cenário de outra época, os três protagonistas descobrem ao longo da peça que estão condenados a um inferno feito à imagem e semelhança da vida que tiveram na Terra: sórdido, dissimulado e altamente funcional, já que cada um servirá de carrasco para o outro, ao desmascarar sua hipocrisia.

A tradução
Quando começou o trabalho de tradução do texto, Sérgio Salvia Coelho se deparou com uma questão: o título. “Comecei brigando com seu nome consagrado em português: “Entre Quatro Paredes” ressalta demais a confissão íntima, ao contrário do título original, Huis-Clos, que é um termo jurídico ("a portas fechadas"). Mas acabei achando divertido o fato de ninguém se lembrar que não há quatro paredes no teatro, a quarta é invisível, portanto eles estão presos só por convenção. Como eles estão sempre representando uns para os outros, o teatro dentro do teatro acabou sendo uma boa maneira de expressar essa irrealidade do real. Por outro lado, só agora, com os atores trabalhando o texto, é que pude aprofundar e fechar a tradução, com a contribuição constante deles” conta o diretor e tradutor.

A Montagem
Essa peça pretende ser um vigoroso exercício de atuação. A direção está focada em trabalhar o aqui-agora do texto, com os personagens descobrindo sua situação aos poucos, no mesmo momento em que o público a descobre, escondendo segredos e desmascarando os outros. “Muitas vezes os atores desta peça, em todo o mundo, caem na tentação de recitar as fórmulas consagradas do texto, como se fosse uma ilustração de uma doutrina. Vamos tentar produzir um suspense, uma investigação compartilhada. Para evitar o monocórdio, ressaltamos também a variedade de tons do texto: há momentos muito engraçados, outros líricos, que são fundamentais para que os "insights" aconteçam”, completa Sérgio.

O texto e a sua própria história
Sartre escreveu Huis-Clos durante a ocupação nazista de Paris, uma época ambígua, em que todos desconfiavam de todos e que as festas “existencialistas” duravam a noite toda, em uma promiscuidade forçada pelo toque de recolher. Ele já havia escrito duas peças: Bariona, um auto de Natal escrito no campo de prisioneiros alemão onde estava detido em 1940, e As Moscas, uma alegoria à liberdade baseada nas tragédias gregas. Foi nessa sua estreia profissional, em 1943, que Sartre conheceu Camus, a quem convidou para ser diretor e ator na sua nova peça Huis Clos. Em princípio uma brincadeira entre amigos, a peça estreou profissionalmente em 1944 no Théâtre du Vieux Colombier, antecipando em sua síntese e crueza um teatro que se consagraria com Beckett, Ionesco e Pinter.
A primeira montagem no Brasil foi encenada por Adolfo Celi em 1950, no Teatro Brasileiro de Comédia. O elenco era formado porSérgio Cardoso (Garcin), Cacilda Becker (Inês) e Nydia Licia (Estela), além de Carlos Vergueiro como o mensageiro. Depois dela várias se seguiram, fazendo do texto um clássico sempre revisitado.
Sobre a atualidade do texto o diretor analisa: “Desde 2009, há pelo menos duas montagens por ano de Huis Clos na França, o que já está acontecendo aqui no Brasil também. Esta "febre" talvez seja devida à descrença em relação à política partidária, quando há uma urgência de convocar a responsabilidade de cada um para a construção de um mundo melhor, o que é o fundamento do existencialismo. Sartre escreveu uma peça sobre mortos vivos para acordar os vivos mortos. Ele lembra os espectadores que não estamos mortos, que ao contrário das personagens, para quem é tarde demais, todos nós podemos nos redefinir e transformar a imagem que damos aos outros. O inferno são os outros quando delegamos ao outro a responsabilidade de dizer quem nós somos. Na aceitação de sermos responsáveis por nossa liberdade, em uma convicção íntima e não na repetição de uma doutrina, está a base da mudança do mundo”.


Sobre o diretor e tradutor
Sérgio Salvia Coelho é formado em direção teatral, com mestrado em dramaturgia, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (CAC/ECA/ USP). Dirigiu Gotas ao Dia, de Alessandro Toller e Tatiana Passarelli (Teatro Augusta, 2009);UmBigo, de Rubens Rewald (Centro Cultural São Paulo, 2003). Foi autor do projeto Uroborus, espetáculo composto por 78 citações de clássicos do teatro representado durante 78 horas ininterruptas por 78 grupos paulistanos durante as Satyrianas de 2005 e no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto de 2006. É autor de Só, Ifigênia, sem Teu Pai (apresentada no Teatro Popular do SESI, por ocasião da Mostra de Dramaturgia Contemporânea em junho de 2002, com direção de Márcio Aurélio). Entre 2001 e 2008 foi crítico de teatro do jornal Folha de S.Paulo.

Sobre Jean-Paul Sartre
Nasceu em Paris em 1905 e faleceu em 1980, foi filósofo, escritor e crítico literário. Ficou conhecido como representante do existencialismo. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra. Repeliu as distinções e as funções oficiais e, por estes motivos, se recusou a receber o Nobel de Literatura de 1964.
Sobre o elenco
Marcello Airoldi como Garcin
Fundador do núcleo de pesquisas Teatro de Perto, realizou os espetáculos solos Café com Torradas, de Gero Camilo e Um Segundo e Meio, de sua autoria, com direção de Antonio Januzelli. Destaque para as montagens de Os Penetras, direção de Mauro Baptista Védia,Pessoas Absurdas, direção de Otávio Martins e Bodas de Sangue, direção de Ilo Krugli. Em cinema, recebeu prêmio de melhor ator coadjuvante no Los Angeles BrazilianFilm Festival, com o filme Onde está a felicidade?, de Carlos Alberto Riccelli/Bruna Lombardi. É Carlos Lacerda no filme Flores Raras, de Bruno Barreto, e está no elenco de S.O.S. Mulheres ao Mar, de Cris D´amato e Amor em Sampa, de Bruna Lombardi/Carlos Alberto Riccelli. Na TV, participou das novelas Viver a VidaA vida da Gente e Salve Jorge e das séries Som e Fúria,DivãTapas e Beijos, todas pela Rede Globo, além de interpretar Adoniran Barbosa no especial Por toda minha vida.

Fabiana Gugli como Estela
Estreou na Cia. de Ópera Seca, do encenador Gerald Thomas, onde realizou 16 espetáculos, entre eles Circo de Ríns e Fígados, com Marco Nanini, Esperando Beckett, com Marília Gabriela, Deus Ex-Machina, Ventriloquiste a ópera Tristão e Isolda. O solo Terra em Trânsito,lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Shell/2006 de Melhor Atriz. No espetáculo Os 39 Degraus foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante/2011 pela APTR. Outros trabalhos em teatro incluem: Antes do Café, com direção de Celso Frateschi e Tartufo, com direção de José Rubens Siqueira. Em cinema, participou dos filmes O Cheiro do RaloOs Normais e Ensaio sobre a Cegueira. Acaba de filmar o longa sobre a vida de Paulo Coelho, Não Pare na Pista, com lançamento para 2014. Em TV, participou dos seriados Dicas de um Sedutor,Minha Nada Mole VidaA Grande FamíliaTapas e Beijos e Louco por Elas, além da minissérie Som e Fúria, todos pela Rede Globo.

Tatiana Passarelli com Inês
Atuou em mais de dez peças, dentre elas: Juliette de Sade em Watermill Center/NY (centro de criação do diretor americano Robert Wilson); Sonho de Uma Noite de Verão, direção de Simoni Boer; Vereda da Salvação, direção de Guilherme Sant’anna; Cinzas, direção de Brian Penido Ross; L’effet de Serge, com a companhia francesa Vivarium, direção de Philippe Quesne e Gotas ao Dia, de sua autoria em parceria com o dramaturgo Alessandro Toller, dirigida por Sérgio Salvia Coelho. Atualmente integra o Grupo de estudos do Grupo TAPA, sob orientação de Clara Carvalho e Brian Penido Ross.

Claudinei Brandão como Mensageiro
Integrou a Cia Parlapatões, Patifes e Paspalhões durante dezesseis anos, com mais de trinta espetáculos nesse período, com destaque para as montagens de Ppp@wllnshkpr.com.br, Piolim, U Fabuliô, Pantagruel, Sardanapalo, A Vaca de Nariz Sutil e O Papa e a Bruxa. Trabalhou com os grupos Cemitério de Automóveis, de Mário Bortolotto e no Círculo Teatro, de Marco Antônio Braz. Em Cinema trabalhou nos filmes Família Imperial e Luz nas Trevas: O Retorno de Luz Vermelha. Em TV participou dos seriados Super Sincero e Retrato Falado (Rede Globo) e da série Alice (HBO).

Ficha Técnica:
Texto: Jean-Paul Sartre. Direção e tradução: Sérgio Salvia Coelho. Elenco: Marcello Airoldi, Fabiana Gugli, Tatiana Passarelli e Claudinei Brandão.Cenário: Márcio Medina. Figurinos: Mário Queiroz. Música original e trilha sonora: Livio Tragtenberg. Desenho de luz: Aline Santini. Consultoria de tango: Edson Coelho. Visagismo: Kene Heuser. Fotos: Priscila Prade. Design gráfico e vídeos: Marcos Ham. Assessoria de imprensa: Pombo Correio - Douglas Picchetti e Helô Cintra. Assistente de cenografia: Maristela Tetzlaf. Cenotécnico: Marcos Diglio. Pintura do Cenário: Cesar Resende.Construção do cenário: CAS Metal. Adereços: Palhassada Ateliê. Assistente de figurinos: José Augusto Fabron. Desenvolvimento de figurinos:Jesuína Cotrim. Diretor de palco: Raoni Felipe. Operadora de luz: Juliana Santos. Operador de som: Daniel De Rogatis. Contrarregra: Marco Aurélio Nonato. Camareira: Neuza Padilha. Produção e realização: PadRok Produções Culturais. Contabilidade: Bonomi Contábil. Leis de incentivo: Andréia Porto. Consultoria jurídica: Cássia Rockenbach. Assistente de produção: Amanda Cavalcanti. Produção executiva: Leandro Pardí. Direção de produção: Clarissa Rockenbach e Fernando Padilha. Idealização: Sérgio Salvia Coelho.

Serviço:
Estreia dia 2 de novembro. Temporada: 02 de novembro a 01 de dezembro de 2013, sextas às 20h00, sábados às 19h00 e domingos às 18h00. Duração 90min.
De R$ 10,00  a R$ 30,00. SESC Bom Retiro:
Al. Nothmann, 185 – Campos ElíseosAcessibilidade: Entrada com acesso para pessoas com deficiência emobilidade reduzida. Poltronas reservadas para cadeirantes.Estacionamento próprio:  R$ 4,00 e R$ 8,00 a primeira hora.Aceitamos todos os cartões de crédito exceto Aurea e Hipercard.Essa atividade será melhor aproveitada a partir de 14 anos.
Pombo Correio Assessoria de Imprensa
Douglas Picchetti – (11) 9 9814-6911
Helô Cintra – (11) 9 9402-8732
picchettidouglas@gmail.com
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