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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Teatro Aliança Francesa reabre com L’Illustre Molière

Foto de Ronaldo Gutierrez

Dirigido por Sandra Corveloni, revivendo obra do grande dramaturgo

Como protagonista, Guilherme Sant’Anna (20 anos de Grupo Tapa e prêmio APCA 1989 e 2005). Com cenário
 e figurinos de Zé Henrique de Paula e direção musical de Fernanda Maia, peça retrata vida e obra de um dos
maiores  autores de comédia da história do teatro. Usando a metalinguagem, a diretora coloca o público como observador
do processo de construção de um espetáculo

Em cena ao lado do palco, a mesa de trabalho do dramaturgo, ator e encenador francês Molière (1622-1673), onde suas criações se materializam. À vista do público, os atores nas coxias, trocando de figurino e se preparando para dar vida às personagens. A metalinguagem dá o tom à encenação de Sandra Corveloni para L’Illustre Molière.

A peça marca a volta da programação cultural do Teatro Aliança Francesa dia 11 de maio, sexta-feira, às 20 horas. Nesse ambiente se desenvolve o drama da vida cotidiana de uma companhia teatral do século 17, com suas dificuldades e conquistas, um contraponto ao teatro e os costumes da época em relação às regras sociais e artísticas atuais.

O espetáculo - sucesso de público no Teatro do Sesi  - reúne no elenco os atores da Cia D’Alma: (Guilherme Sant’Anna – Molière; Paulo Marcos – René du Parc;Amanda Acosta – Madeleine Béjart; Angela Fernandes – Marquise; Caio Salay – Michel Barón; Lara Hassum – Armande Béjart, e Mateus Monteiro – La Grange) e é composto por cenas das principais peças de Molière. Na montagem da diretora Sandra Corveloni - prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes em 2008 -, além de escrever os textos, ele - que é considerado um dos mestres da comédia satírica - se apresenta como um comediante habilidoso e diretor exigente.

A dramaturgia de Sandra Corveloni, Lara Hassum e Mateus Monteiro mescla trechos das principais obras de Molière, como O Burguês FidalgoAs EruditasDon Juan eTarfufo, com histórias sobre os bastidores da criação artística de uma companhia teatral. L’illustre Molière apresenta o cotidiano dessa trupe capitaneada pelo autor de comédias Jean Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière (Guilherme Sant’Anna), mostrando momentos marcantes de sua vida e obra.

Sinopse
No palco desta encenação, Molière – que, ao lado de outros nove atores, fundou em 1643 a companhia de teatro L'Illustre Théâtre – faz uma viagem sem escalas com seu grupo do século 17 ao  21 para nos mostrar que uma boa comédia nunca sai de moda. Às voltas com seus novos textos, busca inspiração na sociedade para criar suas personagens e devolvê-las como um reflexo crítico do comportamento humano.

O cenário e figurinos, concebidos por José Henrique de Paula, propõem ao espectador uma viagem ao século 17, com uma ambientação em tons pastéis inspirada na obra de Rembrandt. O cenário recria o palco barroco tradicional com a cena em perspectiva, o procênio iluminado pela ribalta, e o telão ao fundo, adaptado da obra de Sebastiano Cerlio (1475-1557), um dos maiores cenógrafos do período. 

“Começamos a trabalhar com as vozes, instrumentos e a experimentar alguns madrigais dos séculos 16 e 17. O resultado foi tão inesperado que a experiência foi para a peça”, conta a diretora musical Fernanda Maia. “Mesclamos as músicas ao estilo barroco, compostas para a peça, com canções vocais populares renascentistas.” A música ilustra a leveza dos diálogos do dramaturgo, como completa Fernanda Maia.

Sandra Corveloni, ao dirigir um espetáculo sobre Molière, sua companhia e suas peças, sente-se lisongeada. “Pois é como se ele participasse dos ensaios, contribuindo conosco o tempo inteiro através de suas obras. Ao mesmo tempo, tenho a grande e difícil responsabilidade de recriar um pedacinho da vida de tão ilustre artista.”

Os figurinos de época mostram a roupa básica utilizada pelos atores da trupe de Molière durante os ensaios, complementados com vestimentas e adereços elaborados para caracterizar as personagens vividas nas diferentes peças do autor. A iluminação sugere o clima antigo de velas e tochas. A direção musical de Fernanda Maia traz canções vocais populares renascentistas executadas ao vivo pelos atores, que fazem um contraponto com a leveza dos diálogos do dramaturgo.

“Essa capacidade de colocar uma lente de aumento na hipocrisia, no exagero e na ingenuidade humana nos seduziu completamente e eu fico honrada em orquestrar, junto com Molière, esse concerto para fazer rir e pensar”, escreve Sandra Corveloni no programa da peça.

Sobre Molière

Autor de obras-primas da comédia, como Tartufo, Jean-Baptiste Poquelin, conhecido como Molière, foi batizado em Paris em 15 de janeiro de 1622. Filho de um rico fornecedor de tapetes da casa real recebeu educação privilegiada no colégio de Clermont. Recusou-se, porém, a seguir a carreira do pai e decidiu abraçar o teatro, quando em 1643 fundou em Paris, junto com outros nove atores, a companhia L'Illustre-Théâtre, que faliu 16 meses depois. O duque de Épernon patrocinava a trupe. O cenário era Lyon, 1653. Nessa época Molière começou a escrever comédias, incluindo O Marido Ciumento. Em 1658 Molière e os Béjarts voltaram a Paris.

Agora sob o patrocínio de Monsieur, irmão do rei, a trupe passou a compartilhar um teatro com uma companhia italiana de commedia dell'arte. Em 1659, As Preciosas Ridículas lançou Molière como diretor. Em 1663 casou-se com Armande Béjart. Nessa época, Molière tornou-se um dos autores favoritos do rei Luis XIV. Em O Doente Imaginário, Molière fazia o papel-título quando, ironicamente, teve um ataque em pleno palco, durante a quarta apresentação. Levado para casa, morreu pouco depois. Sua esposa teve que implorar ao rei que intercedesse junto ao arcebispo de Paris para que pudesse enterrar o artista, um direito a que os atores tinham de abdicar ao escolher a profissão.

Sobre Sandra Corveloni

Atriz, diretora e professora de teatro com 23 anos de experiência profissional na área teatral. Integrou o Grupo TAPA por 10 anos como atriz e diretora atuando nas peças: “Major Bárbara”, de Bernard Shaw (2002); “Órfãos de Jânio”, de Millôr Fernandes (2001); “Contos de Sedução - Contos de Guy de Maupassant” (2000), “A Serpente”, de Nelson Rodrigues (2000); “Ivanov”, de Anton Tchéckov (1998); “Moço em Estado de Sítio”, de Vianinha (1997-98); “Do Fundo do Lago Escuro”, de Domingos de Oliveira (1997); “Rasto Atrás”, de Jorge Andrade (1996).  No mesmo grupo dirigiu as montagens: “As Viúvas”, de Arthur Azevedo (1999-2000), e “O Amargo Siciliano”, de Luigi Pirandello (2008).

Atuou nos espetáculos: ”Side Man”, de Warren Leight (2010), direção Zé Henrique de Paula; “O Livro dos Monstros Guardados”, de Rafael Primot (2009), direção Zé Henrique de Paula; “Retorno ao Deserto”, de Bernard Marie Kotès (2008), direção Catherine Marnas; “Mistinguett”, de Marília Toledo (2005), direção Dagoberto Feliz; “I Racconti sul Vestito Incantato” (2004), concepção, direção e atuação de Sandra Corveloni (Itália); “O Califa da Rua do Sabão”, de Arthur Azevedo (2003), direção Norival Rizzo; “Auto da Paixão e da Alegria”, de Luiz Alberto de Abreu (2003), direção Ednaldo Freire; “Ônibus da História”,de Calixto de Inhamuns (1999), direção Edinaldo Freire e Rosi Campos; entre outros.

No cinema, “Flores Ímpares”, de Sung Sfai (1992); “Linha de Passe”, de Walter Salles e Daniela Thomas (Palma de Ouro no Festival de Cannes, Melhor atriz no Festival de Havana, Prêmio Qualidade Brasil, os melhores de 2008; Premio Veja SP 2008; Premio ACEI - Correspondentes Internacionais); “O Filme dos Espíritos, de Michel Dupre (2010); “Onde está a felicidade”, de Carlos Alberto Riccelli (2010). Como professor, trabalhou nas áreas de interpretação e montagem nas escolas Macunaíma, Célia Helena, Vento Forte, Oficinas do Grupo TAPA, Uniban, TUCA, Instituto Intercultural e Escola Wolf Maia.

Para roteiro:
L’Illustre Molière – Reestreia 11 de maio, sexta-feira, às 20 horas, no Teatro Aliança Francesa.
Direção: Sandra Corveloni. Elenco: Guilherme Sant’Anna; Paulo Marcos; Amanda Acosta; Angela Fernandes; Caio Salay; Lara Hassum; Mateus Monteiro. Direção musical: Fernanda Maia. Preparação corporal: Inês Aranha. Cenografia e figurino: Zé Henrique de Paula. Assistente de figurino: Cy Teixeira. Produção: Corveloni De Simone Produções Artísticas Ltda. Diretor de produção: Maurizio De Simone. Illuminador: Nelson Ferreira. Fotógrafo: Ronaldo Gutierrez. Classificação: 12 anos.Duração: 90 minutos. Gênero: Comédia. IngressosR$ 30,00 inteira, R$ 15,00 meia e R$ 10,00 alunos e funcionários da Aliança Francesa. Temporada: quintas, sextas e sábados às 20 horas. Até 30 de junho.

Teatro Aliança Francesa - Rua General Jardim, 182 – Vila Buarque. Tel.: (11) 3017-5699/ 2371-7460. Horário de funcionamento: Teatro: Quinta-feira, sexta-feira e sábado, das 16h às 22h. Café: Quinta-feira, sexta-feira e sábado, das 16h às 20h. Ingressos Tel.: (11) 4003.2330 e www.ingressorapido.com.br. Bilheteria Horário de funcionamento: De quinta-feira a sábado, das 16h às 20h. Lugares: 210 + 4 para portadores de necessidades físicas. Acesso a portadores de necessidades físicas. Ar condicionado. Wi-fi grátis. Estacionamento conveniado em frente ao teatro: R$15,00 (por 4h)



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