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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Grupo de Dança Primeiro Ato estreia "Adorno" na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança

Foto: Guto Muniz


GRUPO DE DANÇA PRIMEIRO ATO ESTREIA ADORNO NA 38ª CAMPANHA DE POPULARIZAÇÃO DO TEATRO E DA DANÇA
Espetáculo inspirado nas imagens dos habitantes da região do Vale do Omo, na África, já foi apresentado em diversas cidades, mas pela primeira vez integra o calendário de ações da Campanha

O Grupo de Dança Primeiro Ato abre a temporada 2012 com participação na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. Nos dias 21 e 22 de janeiro, a companhia apresenta “Adorno”, no Grande Teatro do Palácio das Artes e a expectativa é de mais uma vez lotar o espaço, agora com o espetáculo revigorado. “O trabalho nunca é o mesmo. O espetáculo se modifica com o tempo, os bailarinos se envolvem e apropriam da apresentação. A essência de ‘Adorno’ permanece, mas ajustamos alguns detalhes em relação à estreia, nos dias 2 e 3 de julho”, explica a diretora do Grupo, Suely Machado. As apresentações (Sab: 21h; dom: 20h) têm entrada a preços populares: R$ 12,00.

O Grupo de Dança Primeiro Ato, completou 25 anos de estrada no ano passado, mas Suely conta que esse ano é especial por outro motivo. “Em 2012, comemoramos os 30 anos de existência do núcleo de formação de bailarinos, que hoje conta com mais de 430 alunos. Esse trabalho vai ao encontro das propostas da Campanha e do Primeiro Ato, que é a de valorizar e formar público e criadores da arte contemporânea”.

Para Suely Machado, a oportunidade de apresentar “Adorno” novamente no Palácio das Artes é fruto do reconhecimento do Grupo e do espetáculo. “Esse trabalho é de difícil circulação e estar inserido no calendário da Campanha é muito gratificante, pois assim como o 1º Ato, é um projeto vitorioso com mais de 30 anos de atuação, valorização da cultura, do artista e das artes em geral”, avalia a diretora que ainda completa: “a Campanha tem uma característica peculiar, que é a de levar a dança e o teatro a pessoas que muitas vezes não são habituadas a frequentar espaços culturais”.

Em “Adorno” as imagens das tribos Mursi e Surma da região do Vale do Omo, na África, serviram de inspiração para a construção do espetáculo levando a equipe a uma reflexão sobre o primitivo e o sideral na evolução do ser humano, na aproximação entre masculino e feminino, suavizando as diferenças e diluindo barreiras.

O processo teve início quando Suely Machado recebeu de um amigo, imagens destas tribos: “As fotos de Hans Silvester me emocionaram pela qualidade e pelo resultado humano que apresentavam. A pureza e leveza na estética contrastando com a profundidade dos olhares provocaram em mim uma reação física e o desejo de dialogar através de nosso trabalho. Flores, frutos e sementes são adereços enaltecidos pela pintura corporal feitas como forma de contato, um no outro, tornando-os ao mesmo tempo artistas e obra de arte levando-nos a reflexão sobre a escassez de nosso tempo”, diz Suely Machado.

Nos dias 21 e 22 de janeiro, além dos bailarinos do Grupo, sobem ao Palco do Palácio das Artes a cantora e compositora Titane e o percussionista Marco Lobo. Além da parte musical, “Adorno” se destaca pela iluminação, desenho de luz e palco móvel que juntos se interagem com os vídeos e os bailarinos, além do figurino, assinado pelo estilista Ronaldo Fraga, que se inspirou na liberdade das tribos Murci e Surma de usar o corpo como aparato para pintura. Titane afirma: ‘’O diálogo entre as artes já foi uma tendência. Hoje, é uma realidade. Não há como fugir disso’’.

Em 2011, além do Palácio das Artes, “Adorno” circulou por Divinópolis, Vitória e São Paulo e foi conferido com boa aceitação, por aproximadamente 10 mil pessoas. O saudoso crítico de espetáculos Marcelo Castilho Avelar termina assim sua crítica sobre o trabalho. “Os bailarinos podem estar num momento, construindo uma relação em cena para, no instante seguinte, desenvolver um solo independente de tudo o mais que vemos. A partir das ousadias presentes no espetáculo, é possível imaginar uma dúzia de novas coreografias, como se a obra abrisse caminhos novos para a companhia. Tudo isso faz de Adorno fonte permanente de êxtase para os sentidos e o coração”.

DEPOIMENTO DOS ARTISTAS ENVOLVIDOS NA CRIAÇÃO___________________________

Alex Dias – Estudo do Movimento
“Partimos das ações simples, objetivas para construir uma movimentação precisa, focada na particularidade, no desejo do contato e de expressar marcas e sensações vividas. O sentimento em sua forma mais essencial provocando um estado corporal livre e peculiar, configurando uma atitude fundamental do fazer artístico”, explica o bailarino Alex Dias, um dos responsáveis pelo estudo do movimento do espetáculo.


Guille Seara – Cenógrafo
Na concepção e direção de criação de cenárioGuile Seara, criou a ambientação de “Adorno” juntamente com os artistas Manuel Guerra e Sophia Felipe, usando tecnologia e arte digital com interferências, efeitos visuais e projeções de vídeos, possibilitando o diálogo entre dança e tecnologia. “O espetáculo começa como se estivéssemos em cosmo, no céu de onde viemos e revela um nascer do dia, a chegada do sol” inspirada na sensação trazida pelas fotos explica Guille

Lula Ribeiro – Direção da Trilha sonora.
Pela primeira vez, a trilha sonora será executada ao vivo durante o espetáculo. “Quando Suely me passou a idéia das tribos pensei, primeiramente, em algo instrumental. Mas depois, vieram as melodias, a referência musical africana, e a parte rítmica. A partir daí convidamos o Tizumba e a Titane para fazer interferências vocais”, conta Lula Ribeiro, responsável pela trilha sonora. A percussão ficou a cargo de Marco Lobo que completa, “o fato de ficar ao lado do grupo, fez o processo de composição ser próximo. Assim, fomos criando a trilha e amadurecendo nossas ideais a partir do que era mostrado”. Segundo ele, foi um rico processo de pesquisa, com várias visitas aos ensaios do Grupo, onde músicos, bailarinos e a direção trocaram idéias, impressões e experiências até acharem ao som que estavam procurando.

Ronaldo Fraga - Figurinista
O estilista Ronaldo Fraga é responsável pelo figurino do espetáculo. Em sua criação ele utiliza a diversidade das cores, formas geométricas, que ao mesmo tempo confundem o espectador sobre o que é pele e o que é tecido “Muito mais do que uma pintura primitiva é um conceito de beleza. Por isso, eu me inspirei na liberdade da tribo de usar o corpo como aparato para a pintura”, completa Ronaldo Fraga.

Jorginho de Carvalho – Desenho de Luz
O espetáculo conta com uma luz marcante que mostra a situação de risco que vive essas tribos com a possível construção de uma hidrelétrica e com uma nova fenda já constatada no continente africano. “Eu ficava conversando com a Suely sobre essa inspiração e sobre a ideia que o continente vai ser separado originando essas pinturas. O desenho de luz tem a ver com força da natureza e a vibração”, diz Jorginho de Carvalho, responsável pelo desenho da luz.

A DOR NO__________________________________________________________________
SINOPSE DA OBRA

“Entre o instante e o extinto, entre o humano e o sideral acontece o fenômeno”. O homem e suas possibilidades. O risco de ousar ser próprio e único no momento da fala inevitável. A poesia pelo gesto, que no traço, propõe encontros. Mescla das artes que desenham vidas e juntas constroem o inusitado do próximo instante. Incógnito. Possível pela ilusão do real, real pela possibilidade de criar ilusões.

Dança para sentir, arte para fluir, olhar que transforma, transcende, transmuta, mudando o ciclo, alterando a órbita, redimensionando a existência.

A delicadeza das pinturas contrastando com a dureza de nossa urgência cotidiana, o foco da câmera na profundidade daqueles olhares pousados na lente e posados para a eternidade tornou inevitável a comparação com nossa falta de pouso e o farfalhar de atitudes em busca de presença. Desse conteúdo foi construído o espetáculo nos fazendo escolher pela leveza e delicadeza dos movimentos emociona-se Suely.

“O espetáculo está maduro, estamos muito mais próximo do que a gente construiu. Já saboreamos a reação da plateia e vimos que as pessoas saem sensibilizadas pela delicadeza das imagens”, relata Suely Machado.

25 ANOS______________________________________________________________________

A estréia de “Adorno”, em julho de 2011, também marcou a comemoração dos 25 anos do Grupo de Dança Primeiro Ato. “Minas Gerais é um dos poucos lugares do Brasil que mantêm trabalhos de grupo com originalidade e qualidade por tanto tempo: destaca Suely Machado, diretora do grupo.

O Grupo nasceu do amor de sua fundadora pela dança. “Há 25 anos, eu não pensava em nada, só queria dançar. Fundamos o Primeiro Ato para ter a oportunidade de ter um coletivo de criadores, artistas de formações diversas. Queria unir diferenças”, revela a diretora do Primeiro Ato reforçando que esta sempre foi à missão do Grupo.

Entre as curiosidades dos 25 anos, Suely conta que os figurinos dos espetáculos em repertorio são os mesmo da montagem original. Eles são guardados de forma impecável, catalogados e mantidos na melhor forma de preservação possível. “A bailarina e atriz Fernanda Vianna, quando voltou ao grupo, ficou toda feliz porque pode vestir o mesmo figurino que ela usou na estreia do ‘Isso aqui não é Gothan City’ há 25 anos” revela Suely, mostrando o cuidado que o Grupo tem com todos os detalhes de sua história.

“De alguma forma os trabalhos assinados por mim e pelo grupo tocam a sensibilidade humana. O que importa é a sutileza que diferenciam as histórias de cada criador e eu procuro utilizar isso em cena. Cada bailarino é co-autor da obra, eles doam suas bagagens de vida e artísticas generosamente e por inteiro”, finaliza Suely Machado.

Ao longo destes 25 anos de trajetória o Primeiro Ato já passou por temporadas em diversos estados brasileiros e apresentações nos Estados Unidos, Espanha, Portugal, Argentina e Alemanha, além de ganhar diversos prêmios regionais e nacionais.

FICHA TECNICA_______________________________________________________________
Diretora: Suely Machado
Produtora: Regina Moura
Cenógrafo: Guile Seara
Figurinista: Ronaldo Fraga
Iluminador: Jorginho de Carvalho
Estudo do Movimento: Alex Dias
Bailarinos: Alex Dias, Marcela Rosa, Danny Maia, Lucas Resende, Pablo Ramon, Ana Virginia Guimaraes, Verbena Cartaxo, Verônica dos Santos
Trilha Original: Lula Ribeiro e Marco Lobo
Cenotécnico: Roberto Duque
Vozes ao vivo: Titane e Mauricio Tizumba
Técnico de luz: Elias do Carmo
Sonoplasta: Fabricio Galvani

SERVIÇO_____________________________________________________________________
GRUPO DE DANÇA PRIMEIRO ATO ESTREIA ADORNO NA CAMPANHA DE POPULARIZAÇÃO DO TEATRO E DA DANÇA
Dias: 21 e 22 de janeiro, sábado e domingo
Horário: 21h sábado e 20h domingo
Local: Grande Teatro do Palácio das Artes
Avenida Afonso Pena, 1537 – Centro – Belo Horizonte
Ingresso: R$12,00 (inteira)



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