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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Núcleo Experimental reestreia O Contrato em novembro e prepara novidades para 2012

Núcleo Experimental reestreia O Contrato em novembro e prepara novidades para 2012

Direção de Zé Henrique de Paula, a comédia discute as relações de poder no ambiente de trabalho com tom cínico e sarcástico de Mike Bartlett. O Núcleo Experimental também se prepara para estrear terceira peça da Trilogia da Guerra (Bichado) e mais dois espetáculos em 2012

Em preparação para estrear Bichado (a terceira peça da Trilogia da Guerra) e mais duas peças em 2012, o Núcleo Experimental volta em cartaz com a comédia O Contrato. O espetáculo - sobre as relações de poder no ambiente de trabalho – reestreia dia 11 de novembro, sexta-feira, às 21h30, no Instituto Capobianco. Texto de Mike Bartlett tem direção de Zé Henrique de Paula e Sérgio Mastropasqua e Renata Calmon no elenco.

Enquanto O Contrato retoma temporada, o Núcleo Experimental está em processo de seleção de elenco para a nova peça Bichado, do autor norte-americano Tracy Letts, que deve estrear em março. “Entre mais de 200 inscritos, selecionei 15 atores que participarão de uma oficina, coordenada por mim e pela Inês Aranha”, conta o diretor Zé Henrique de Paula. A peça é a terceira parte da Trilogia da Guerra - a primeira parte foi As Troianas - Vozes da Guerra e a segunda foi Casa / Cabul.

As novidades do Núcleo Experimental e do diretor Zé Henrique de Paula não param por aí. “Em 2012, dirijo mais duas peças: After Miss Julie, de Patrick Marber (com Caco Ciocler e Patricia Pichamone) e Ou você poderia me beijar, de Neil Bartlett (com Marco Antonio Pâmio e Clara Carvalho)”.

O CONTRATO
A montagem brasileira de O Contrato preserva o tom cínico, às vezes sarcástico, do texto de Bartlett, investindo no jogo entre os atores Sergio Mastropasqua e Renata Calmon para explorar a fundo o tema das fronteiras tênues entre o universo pessoal e a vida profissional.

Com cenas que mostram o humor negro do autor inglês, a ação concentra-se num único ambiente: o escritório asséptico e impessoal onde o Gerente submete sua funcionária Emma a uma série de provações. Fazendo valer sua posição, ele manipula e inferniza a vida de sua funcionária, que a tudo resiste em nome do salário mensal. E o final é surpreendente!

Além do riso, o espetáculo provoca na plateia questionamentos cada vez mais pertinentes na atualidade. Quanto vale um emprego? Dignidade pode ser comprada? Quanto há de Gerente, ou de Emma, dentro de cada um de nós? Emma tem sua vida pessoal invadida e dissecada por uma espécie de versão corporativa de Big Brother orwelliano – nada, nem os aspectos mais íntimos da existência da funcionária escapam ao olhar do Gerente.

Para o diretor Zé Henrique, a peça tem “ecos próximos do Teatro de Absurdo, às vezes com reminiscências de Ionesco ou Tardieu (especialmente no que se refere à linguagem)”. De acordo com ele, “trata-se de uma dissecação da funcionária Emma que, em 14 cenas, é exposta a um Grande Irmão orwelliano, em versão capitalista e corporativa. O Gerente, mais do que investigar ou reprimir o comportamento da funcionária, perscruta o comportamento amoroso de Emma, numa espécie de raio-x que expõe a funcionária ao que pode haver de pior no ambiente das grandes corporações: humilhação, aliciamento, manipulação, assédio, chantagem’.

O ator Sergio Mastropasqua completa: “Num tempo em que se fala de recessão, crise global, desmoronamento dos mercados, o medo e a impotência do funcionário se refletem numa obediência cega, humilhada e ignorantemente subserviente a quaisquer exigências, por mais absurdas que possam parecer. O poder e a importância do dinheiro na vida de um funcionário comum determinam sua predisposição, às vezes voluntária, a fazer de tudo pelo bem da empresa. E garantir seu posto, seu salário e sua baia”.

A comparação com a distopia de Orwell não é ao acaso. Ao resenhar a obra para o guia Time Out, o jornalista Andrew Hayton comentou: "No final de seus 50 minutos de duração, a peça O Contrato, de Mike Bartlett, que começa como uma aguda sátira dos regulamentos para o espaço do trabalho, torna-se um '1984' dos tempos atuais".

Vencedor do Olivier Award de 2010, com a peça Cock, encenada pelo Royal Court Theatre, Mike Bartlett é uma força emergente da nova dramaturgia inglesa. Sua obra Contractions é de 2008 e tem sua origem numa peça radiofônica, também de sua autoria, Love Contract. Reflexo de um período em que a crise global ameaçava derrubar mercados europeus em efeito dominó, a peça traz uma reflexão sobre o clima de ansiedade instaurado pela recessão, o que se reflete no pavor coletivo dos trabalhadores diante da ameaça do desemprego.

Com 5 anos de tablado, o Núcleo Experimental tem seis peças produzidas (Senhora dos Afogados, Cândida, O Livro dos Monstros Guardados, As Troianas-Vozes da Guerra, Casa/Cabul e O Contrato) e se prepara para estrear mais três (Bichado, After Miss Julie e Ou você poderia me beijar), fez 485 apresentações, contabiliza mais de 49 mil espectadores diretos e foi indicado a 13 prêmios.

"A encenação de Zé Henrique de Paula vai além do óbvio humor negro inerente ao original. Nesse jogo, sobressai uma curiosa movimentação gestual, simultânea às falas, que sobrepuja a própria trama. Evidente que esse resultado deve muito ao desempenho de Sergio Mastropasqua, como o chefe inquisidor, e de Renata Calmon como a infeliz subordinada. A montagem brasileira de 'O Contrato' enriquece o texto e comprova o talento de seu encenador.”
Luiz Fernando Ramos (crítico de teatro da Folha de São Paulo)

O CONTRATO – Reestreia dia 11 de novembro de 2011. No Instituto Capobianco. De 11 de novembro a 11 de dezembro. Sextas às 21h30; sábado às 21h e domingo às 19h. Ingressos: R$ 30. Texto: O Contrato, de Mike Bartlett. Direção: Zé Henrique de Paula. Tradução: Renata Calmon. Assistente de direção: Beto Amorim. Elenco: Sergio Mastropasqua e Renata Calmon. Trilha original: Fernanda Maia. Preparação de atores: Inês Aranha. Cenografia e Figurinos: Zé Henrique de Paula. Assistente de Cenografia e figurinos: Cy Teixeira. Iluminação: Fran Barros. Fotos: Ronaldo Gutierrez e Bob Sousa. Produção executiva: Gabriela Germano. Administração: Claudia Miranda. Produção: Firma de Teatro. Assessoria de Imprensa – Arteplural Comunicação/ Fernanda Teixeira, Adriana Balsanelli, Douglas Picchetti. Censura 14 anos. Duração: 60 minutos.
Fotos Ronaldo Gutierrez


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