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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Serpente Verde, Sabor Maçã, fábula dark, estreia dia 30 de setembro no Parlapatões




Foto: Fabio Messias
 O espetáculo apresenta a atriz Lulu Pavarin como a Senhora G. Livremente inspirada no universo do cinema, a peça tem texto de Jô Bilac e Larissa Câmara, produção da Casa 5, direção de Lavínia Pannunzio, interpretação de Ângela Figueiredo, Luna Martinelli e Fernando Fecchio. Cenário de Cássio Brasil, luz de Aline Santini, figurinos de Daniel Infantini, coreografia de Lara Pinheiro, comunicação visual da Zootz e trilha sonora do titã Branco Mello


Mentirosa compulsiva, misteriosa e simpática, a Senhora G oferece xícaras de chá para seus visitantes, ora do bule prateado, ora do bule dourado. Dependendo de seu julgamento sobre se o convidado é torpe ou possui boa índole, o resultado do encontro pode ser amargo e fatal. A cada chá servido, uma nova sentença decretada por esta terrível mulher, interpretada por Lulu Pavarin no espetáculo teatral Serpente Verde, Sabor Maçã, que estreia dia 30 de setembro, sexta-feira, às 21 horas, no Espaço Parlapatões. (Pré-estreia para convidados na quinta, dia 29.)

Texto tragicômico dos cariocas Jô Bilac e Larissa Câmara (carinhosamente chamado de fábula dark pelos seus autores), livremente inspirado no universo do diretor de cinema Tim Burton, a peça conta a história de uma enigmática senhora que envenena suas visitas por conta da postura que assumem no mundo. Direção de Lavínia Pannunzzio, produção da Casa 5 (do titã Branco Melo e da atriz Angela Figueiredo, que interpreta o papel da Senhora White) em parceria com a recém-formada Cia das Trevas, apresenta também no elenco os atores Luna Martinelli e Fernando Fecchio.

Em cena, os simpáticos e inesperados personagens conduzem a trama desta comédia de humor negro de forma divertida, tornando a plateia cúmplice de uma agradável senhora e seu bule de chá. Em clima de suspense, a graça se revela atraente, através da penumbra de uma mesa posta de chá, um delicioso chá verde, sabor maçã. Com humor e acidez, o espetáculo levanta questões como a dialética da razão, a subjetividade de um ponto de vista e a defesa do discurso.

Para seus autores, a peça também resvala no teatro do absurdo, recheado de surpresas e "revelando a degeneração de relações sem amor, numa casa disputada por sua dona, sua inquilina, espiões disfarçados e duas vizinhas-irmãs, que também lutam por tudo entre si. Intermináveis jogos de poder e dominação, onde prevalece a barbárie. É a insanidade da vida pelo olhar da loucura".

Proposta de encenação
Serpente Verde, Sabor Maçã segue os passos que o cinema trilhou em filmes como Este Mundo é dos Loucos, de Philippe de Broca; Sunset Boulevard, de Billy Wilder; Cidade dos Sonhos, de David Lynch; Este Mundo é um Hospício, dirigido por Frank Capra, baseado na peça Arsênico e Alfazema, de Joseph Kesselring; O que Teria Acontecido a Babe Jane?, de Robert Aldrich.

A proposta da encenação, segundo Lavínia Pannunzio, é "montar uma comédia de erros, uma farsa. Fazer com que o público entre nesse universo bizarro e se assuste consigo mesmo. E ria, se puder". A diretora informa que a inspiração visual do espetáculo vem destes filmes, além de Cidade dos Sonhos, de David Lynch, "elegantemente expressionistas, quase caricaturais, mas extremamente humanos".

Convidada para dirigir a montagem, Lavínia se encantou com o projeto. "Achei o texto demais. A Senhora G tem um grande carisma e comete atrocidades. É como se as nossas convicções caíssem por água abaixo, uma pessoa que decide o que é bom e ruim para os outros. A peça é uma fábula com caráter lúdico, uma colagem com influências do cinema e da música. O cenário brinca com essa questão de verdade e mentira, vai ter rosas sintéticas, a prata vai estar presente, que é a cor da morte. Já os figurinos ilustram esses personagens, expressam algo da natureza humana", explica Lavínia.

Lavínia Pannunzzio ressalta as características terríveis da humanidade que os personagens têm evidenciadas - "muitas delas vêm das alucinações da Senhora G, que fala com as xícaras". Lavínia tem experiência em dirigir espetáculos infantis. Começou com Era Uma Vez um Rio, uma adaptação de um livro escrito por sua mãe, Martha Pannunzio. "Depois dirigi Veludinho e os adultos, O Rufião nas Escadas e Chorávamos Terra Ontem à Noite. Recentemente, esteve em cartaz com A Serpente no Jardim, papel que lhe rendeu indicação ao Prêmio APCA de melhor atriz.


Senhora G
Convidada por Luna Martinelli, Lulu Pavarin apaixonou-se completamente pelo texto. Sobre seu personagem, diz que é uma mulher devastada pelo julgamento da humanidade. "Ela decide quem vive, quem é bom ou mau. O G de seu nome vem de God. Ela passou por gerações que já vivi, até sugeri que o figurino fosse um vestido de baile, pois ela dança com Gene Kelly. Ela se declara uma mentirosa compulsiva, o que é rico para uma atriz."

Conforme Lulu, "a plateia até vai torcer para a Senhora G aplicar sua justiça quando conhecer a integridade de alguns personagens. Ela procura uma pessoa digna, totalmente boa, algo que não existe. Entretanto, cria uma fantasia ao conhecer um rapaz. Componho meu personagem como se fosse um grande show", diz, informando ser esta a primeira vez que é dirigida por uma mulher (Lavínia Pannunzio).

Lulu Pavarin comemorou 25 anos de carreira no ano passado. Seu mais recente trabalho em teatro é o monólogo Como ser uma pessoa pior, direção de Mário Bortolotto. A atriz também entra no elenco da comédia Toc Toc, direção de Alexandre Reinecke. "Sempre quis ser atriz, adorava ver as peças do Antunes Filho. Atuava na área publicitária, onde a empresa propôs um curso de teatro para funcionários melhorarem a desenvoltura. Chamei Vladimir Capella e a Elvira Gentil para aplicar o curso, com isso acabei mudando de profissão e foquei minha carreira no teatro."

Entre as peças em que atuou, destaque para Jesus-Homem, direção de Plínio Marcos; Paraíso Zona Norte; e Drácula e Outros Vampiros, com Antunes Filho; Guerra Santa, direção de Gabriel Villela e Vestido de Noiva, com Eduardo Tolentino. "Antunes Filho foi minha verdadeira escola, descobri a empolgação e inspiração com ele. Sempre trabalhei com pessoas interessantes e criativas, tanto na televisão quanto no teatro."

Senhora White e a Mãe
Ângela Figueiredo conta como é sua Senhora White: "Mulher objetiva às voltas com a problemática inquilina que não desocupa sua casa. A família de White deseja despejar a família G há muito tempo. Assim, ela contrata um detetive para saber o segredo da Senhora G, que acaba se apaixonando pelo homem e abrindo a guarda. Outra personagem que faço é a Mãe, vizinha da Senhora G, mãe de um garoto que sem querer joga sua bola na casa ao lado, e por infortúnio do destino os dois acabam invadindo a privacidade da simpática vizinha".

Ângela Figueiredo conheceu a atriz Luna Martinelli no Primeiro Festival de Peças de Um Minuto, dos Parlapatões. "Já havia uma admiração e a vontade de trabalhar juntas. Ela me ligou dizendo que tinha achado o texto do Jô Bilac e Larissa Câmara, fizemos a primeira leitura e foi genial. Decidimos os personagens que queríamos interpretar e chamamos a Lulu Pavarin para interpretar a Senhora G, uma escolha ótima. Logo depois a Luna comentou sobre o trabalho da Lavínia Pannunzio, imediatamente a convidamos, ela trouxe o Cassio e a Aline, o Fernando indicou o Daniel, e eu, o Branco e a Lara."

Depois de conseguir aprovação do Proac e patrocínio da Riachuelo, começou a batalha para viabilizar o espetáculo. "Partimos para a montagem. Eu, Luna e Fernando fundamos a Cia das Trevas, pois queremos fazer mais trabalhos ligando suspense e comédia".

Ângela Figueiredo e Branco Mello são sócios e comandam a produtora Casa 5 há doze anos. Começaram com clipes e shows, depois o filme Eu e meu Guarda-Chuva, fizeram o documentário Titãs, a Vida Até Parece Uma Festa, além de trilhas para cinema e televisão. Atualmente estão produzindo o documentário sobre os 20 anos do grupo Parlapatões, o site sobre Heavy Metal - www.lokaos.com.br, entre outras atividades.

A trilha sonora da fábula dark foi concebida por Branco Mello, "a partir de uma curiosa e inusitada mistura de citações musicais de clássicos filmes de terror". As referências passam por The Mummy (A Múmia), de 1932, estrelado por Boris Karloff; O Homem Invisível (1933), dirigido por James Whale; The Raven (O Corvo), 1963, com Vincent Price, dirigido por Roger Corman; orquestrações de Bernard Herman, e clássicos do Rock, como Black Sabbath , Iron Maiden e Pantera , entre outros.

As gêmeas
Luna Martinelli faz duas personagens, irmãs gêmeas: Fábia e Flávia, que vivem competindo e se envolvem com o mesmo homem, atual noivo de uma delas. Amiga do autor, Luna já apreciava os textos de Jô, como Cachorro!, Rebú e Limpe Todo Sangue Antes que Manche o Carpete.

Na opinião da atriz, que ganhou o texto do autor há dois anos e é a responsável pela reunião da equipe nesta montagem, trata-se de uma peça "capaz de fazer a plateia rir dos absurdos cometidos pela personagem Sra. G, que acredita ter o papel de ceifadora da humanidade, preservando os bons e eliminando os maus". Recentemente, a atriz fez Limpe Todo Sangue Antes que Manche o Carpete, com direção de Eric Lenate e está no elenco do infantil Alice no País das Maravilhas, com a Cia Le Plat du Jour, grupo com o qual trabalha há 5 anos.

Os Homens
O ator Fernando Fecchio, que faz os papeis masculinos da peça, ressalta que "foi realmente um acerto essa parceria do Jô Bilac com a Larissa Câmara, que nos convida a embarcar numa viagem, no realismo fantástico com referências de Tim Burton".

Seus personagens têm a possibilidade de transitar por figuras muito inusitadas e divertidas. "Os rapazes são os tipos mais sortidos possível. Tem o detetive canastra que se passa por bom moço para conquistar e passar ileso pela perspicácia da protagonista, o jovem hipocondríaco blasé e mesquinho e uma criança terrorista que leva a Sra. G a cometer uma atrocidade causando a revolta do Bule e das Xícaras.”


Seu mais recente trabalho no teatro foi a peça O Homem, a Besta e a Virtude, de Luigi Pirandello, com direção de Marcelo Lazzaratto (com quem trabalhou alguns anos na Cia Elevador de Teatro Panorâmico). No cinema, participou do longa Estamos Juntos, de Toni Venturi, e na TV, esteve na série Descolados ( MTV).

Para roteiro:
Serpente Verde, Sabor Maçã - Pre-estreia para convidados dia 29 de setembro, quinta-feira, às 21 horas, no Espaço Parlapatões. Texto - Jô Bilac e Larissa Câmara. Direção - Lavínia Pannunzio. Elenco - Lulu Pavarin, Ângela Figueiredo, Luna Martinelli e Fernando Fecchio. Cenário - Cássio Brasil. Luz - Aline Santini. Figurinos - Daniel Infantini. Trilha Sonora - Branco Mello. Coreografia - Lara Pinheiro. Programação Visual - Zootz Comunicação. Realização - CASA 5 e Cia das Trevas. Temporada - Quintas e sextas-feiras às 21 horas. Até 4 de novembro. Ingressos - R$15,00 e R$30,00. Duração - 75min Censura - 14 anos.

ESPAÇO PARLAPATÕES – Praça Franklin Roosevelt, 158 – Centro. Informações – (11) 3258.4449. Capacidade – 98 lugares. Aceita cartões de crédito e débito. Acesso para portadores de necessidades especiais. Estacionamento conveniado na Rua Nestor Pestana, 129. Bilheteria – De terça a domingo, das 16h às 22h. Ingressos por telefone – Ingresso Rápido – (11) 40031212 ou pelo site www.ingressorapido.com.br

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