Celso Frateschi despede-se de Sonho de um Homem Ridículo
Calcado na mesma montagem, a peça traz novas emoções a Celso Frateschi. O ator nutre um grande carinho pelo texto, por isso experimenta “sensação amorosa” com a reestreia. Acostumado a interpretar personagens densos - Ricardo 3 (William Shakespeare), Tio Vânia (Anton Tchecov) e O Grande Inquisidor (Fiodor Dostoievski) -, ele retoma o espetáculo seis anos depois, no Teatro Ágora
Baseado no conto homônimo do escritor russo Fiódor Dostoiévski, publicado pela primeira vez em 1877 no livro Diário de um Escritor, o imperdível monólogo Sonho de Um Homem Ridículo - que estreou em 2005 abrindo teatro na cidade, o Instituto Capobianco - volta aos palcos seis anos depois com o ator Celso Frateschi comemorando 41 anos de carreira. O espetáculo será encenado a partir de 29 de maio no Teatro Ágora, com sessões apenas aos domingos, às 19 horas. Com dramaturgia do próprio Frateschi, a peça tem direção de Roberto Lage e cenários e figurinos de Sylvia Moreira.
Sobre a encenação, Celso Frateschi diz que “sempre muda muito, mesmo não mudando nada. Cada vez que se volta a um texto, ele ganha elementos, e esse momento está sendo muito prazeroso”. O ator informa, ainda, que esta temporada é a despedida do espetáculo e dos monólogos do Ágora. O teatro viverá nova fase no segundo semestre, com Abadon (texto e direção de Frateschi, a ser montado com dois atores) e O Processo de Giordano Bruno (peça inédita de Mário Moretti, direção de Rubens Rusche, com Celso em cena ao lado de vários atores).
Fiódor Dostoievski traduziu a alma russa como ninguém. Com prosa elegante, sua obra continua bastante atual. “Eu sou um homem ridículo. Agora eles me chamam de louco. Isso seria uma promoção, se eu não continuasse sendo para eles tão ridículo quanto antes.” Assim começa uma profunda viagem aos subterrâneos do inconsciente de um funcionário público. Um homem comum, médio. Um homem ridículo.
Sonho de um Homem Ridículo conta a história de um personagem solitário de São Petersburgo em pleno século XIX. Na época, a cidade era o centro de toda a Rússia, e como em toda grande cidade, os homens são introspectivos e mais voltados para si mesmos. “É um personagem fantástico, pois com a introspecção a alma aflora de maneira exuberante”, define Frateschi.
O personagem, um funcionário público, sabe que é ridículo desde a infância. Motivo de desprezo e zombaria de seus semelhantes, já não tem mais nenhum interesse na continuação da sua existência. Num dia inútil como todos os outros, em que mais uma vez esperava ter encontrado o momento de meter uma bala na cabeça, foi abordado por uma menina que clamava por ajuda. Ele não só recusa o apoio à criança, como a espanta aos berros.
Ao voltar para casa, não consegue dar fim a sua existência. Adormece e sonha com a sua própria morte, com seu enterro e com uma vida após a morte. Viaja pelo espaço e por desconhecidas esferas. Experimenta a terra não manchada pelo pecado original e conhece os homens na plenitude da sabedoria e equilíbrio. Ele acredita que aquilo tudo foi real, pois as coisas terríveis que sucederam não poderiam ter sido engendradas num sonho.
A MONTAGEM
A adaptação se preocupa em manter o texto original de Fiódor Dostoiévski, que faz parte do livro Diário de um Escritor, publicado pela primeira vez em 1877. Propõe um espetáculo que explora o essencial das questões humanas de Dostoiévski, estabelecendo um diálogo direto com o contemporâneo. Sua arquitetura cênica é construída a partir da rua, do cortiço, do paraíso e do inferno – elementos da obra -, numa composição que sugere o onírico, onde o sentido do sonho é recuperado por meio do espanto ao colocar em um mesmo plano o imaginário do contemporâneo e a infância da humanidade. O real e o sonho se justapondo em um diálogo permanente durante o jogo cênico. O ator solitário em cena é uma opção estética inerente ao tema, que aborda a solidão e a sua superação.
Sobre Celso Frateschi
Celso Frateschi é ator, diretor e dramaturgo, tendo estreado no Teatro de Arena de São Paulo em 1970, em Teatro Jornal 1a. Edição, de Augusto Boal. Trabalhou com os principais diretores do teatro brasileiro, com Enrique Diaz, José Possi Neto e Domingos de Oliveira. Foi premiado nos espetáculos: Os Imigrantes, autoria própria, Prêmio Mambembe de Melhor Projeto (1978), Eras (1988), de Heiner Müller, Prêmio Shell de Melhor Ator, Do Amor de Dante por Beatriz, de Dante Alighieri, com adaptação de Elias Andreato, Prêmio Apetesp de Melhor ator (1996). Na televisão, participou de minisséries e novelas, como: Memorial de Maria Moura, A Muralha, O Beijo do Vampiro, Um Só Coração, Paixões Proibidas, Caros Amigos e Casos e Acasos. Na área da administração pública, foi Secretário de Educação, Cultura e Esportes do Município de Santo André entre 1989 e1992 e 1997 a 1998 e Secretário de Cultura do Município de São Paulo no período de 2003 a 2004. Também foi Presidente da Funarte de 2006 a 2008 e Secretário de Cultura de São Bernardo do Campo em 2009. É Professor de Interpretação na Escola de Arte Dramática da USP (EAD/ECA/USP).
Sobre Roberto Lage
Diretor teatral desde 1968, dirigiu textos de autores como Nelson Rodrigues, Oswald de Andrade, Guimarães Rosa, Mário Prata, Brecht, Molière, Carlos Queiroz Telles, Consuelo de Castro, Plínio Marcos, Shakespeare e Flávio de Souza, entre outros. Realizou trabalhos na Europa e seus espetáculos participaram de vários festivais internacionais. Juntamente com Celso Frateschi, idealizou e fundou em 1998 o Ágora – Centro para Desenvolvimento Teatral, em São Paulo. É, atualmente, presidente dessa associação sem fins lucrativos, voltada à formação e desenvolvimento de um pensamento teatral. Ao longo de sua carreira, foi contemplado com os prêmios Molière, Governador do Estado, Apetesp, Mambembe e APCA.
Sobre Fiódor Dostoiévski
O escritor russo Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski nasceu em Moscou em 1821. Aos 25 anos publica seu primeiro romance, Pobre Gente, onde trata da vida simples dos pobres funcionários da burocracia russa, que faz um extraordinário sucesso. Entre suas obras de maior importância destacam-se os romances O Idiota, Crime e Castigo, Os Demônios e Os Irmãos Karamázov. Publica também inúmeros contos: O Mujique Marëi, Sonho de um Homem Ridículo, Bobock e outros; além de novelas, O Senhor Prokhartchin, O Homem Debaixo da Cama, Uma História Suja e O Pequeno Herói. Cria duas revistas literárias O Tempo (Vrêmia) e Época, e ainda colabora nos principais órgãos da imprensa Russa. Em 1849 é preso por participar de reuniões subversivas. Condenado à morte, é submetido, juntamente com seus companheiros, a fuzilamento simulado, experiência que irá marcá-lo para o resto dos seus dias, cuja impressão deixará registrada em O Idiota. Deportado para a Sibéria, cumpre nove anos de exílio, sendo quatro na fortaleza de Omsk e cinco como soldado raso em Semipalatinski. Na prisão coletará dados, diálogos e histórias que constituirão As Recordações da Casa dos Mortos, romance autobiográfico. Epiléptico, suas crises se agravam na prisão. A doença – motivo de intermináveis dissabores para o escritor – vai marcar alguns dos principais personagens de seus romances, como o Príncipe Mishkin, em O Idiota, e Kirílov de Os Demônios. Morreu em 1881, aos 60 anos, em São Petersburgo.
Para roteiro
SONHO DE UM HOMEM RIDÍCULO – Com Celso Frateschi. Reestreia dia 29 de maio, domingo, às 19 horas. Texto – Fiódor Dostoiévski. Dramaturgia e interpretação - Celso Frateschi. Direção - Roberto Lage. Cenário e Figurino - Sylvia Moreira. Luz - Wagner Freire. Trilha Sonora - Aline Meyer. Imagens - Elisa Gomes. Temporada – Domingos às 19 horas. Ingressos – R$ 30,00 (meia-entrada para estudantes e pessoas com mais de 65 anos). Duração – 75 minutos. Censura – 12 anos. Gênero – Drama. Até 7 de agosto.
Ágora Teatro – Sala Gianni Ratto - Rua Rui Barbosa, 672 – Bela Vista. Telefone - 3284-0290 . Ingressos podem ser adquiridos pelo INGRESSO.COM. Estacionamento conveniado a R$ 5,00 (Rua Rui Barbosa, 714 – Car Park.
Calcado na mesma montagem, a peça traz novas emoções a Celso Frateschi. O ator nutre um grande carinho pelo texto, por isso experimenta “sensação amorosa” com a reestreia. Acostumado a interpretar personagens densos - Ricardo 3 (William Shakespeare), Tio Vânia (Anton Tchecov) e O Grande Inquisidor (Fiodor Dostoievski) -, ele retoma o espetáculo seis anos depois, no Teatro Ágora
Baseado no conto homônimo do escritor russo Fiódor Dostoiévski, publicado pela primeira vez em 1877 no livro Diário de um Escritor, o imperdível monólogo Sonho de Um Homem Ridículo - que estreou em 2005 abrindo teatro na cidade, o Instituto Capobianco - volta aos palcos seis anos depois com o ator Celso Frateschi comemorando 41 anos de carreira. O espetáculo será encenado a partir de 29 de maio no Teatro Ágora, com sessões apenas aos domingos, às 19 horas. Com dramaturgia do próprio Frateschi, a peça tem direção de Roberto Lage e cenários e figurinos de Sylvia Moreira.
Sobre a encenação, Celso Frateschi diz que “sempre muda muito, mesmo não mudando nada. Cada vez que se volta a um texto, ele ganha elementos, e esse momento está sendo muito prazeroso”. O ator informa, ainda, que esta temporada é a despedida do espetáculo e dos monólogos do Ágora. O teatro viverá nova fase no segundo semestre, com Abadon (texto e direção de Frateschi, a ser montado com dois atores) e O Processo de Giordano Bruno (peça inédita de Mário Moretti, direção de Rubens Rusche, com Celso em cena ao lado de vários atores).
Fiódor Dostoievski traduziu a alma russa como ninguém. Com prosa elegante, sua obra continua bastante atual. “Eu sou um homem ridículo. Agora eles me chamam de louco. Isso seria uma promoção, se eu não continuasse sendo para eles tão ridículo quanto antes.” Assim começa uma profunda viagem aos subterrâneos do inconsciente de um funcionário público. Um homem comum, médio. Um homem ridículo.
Sonho de um Homem Ridículo conta a história de um personagem solitário de São Petersburgo em pleno século XIX. Na época, a cidade era o centro de toda a Rússia, e como em toda grande cidade, os homens são introspectivos e mais voltados para si mesmos. “É um personagem fantástico, pois com a introspecção a alma aflora de maneira exuberante”, define Frateschi.
O personagem, um funcionário público, sabe que é ridículo desde a infância. Motivo de desprezo e zombaria de seus semelhantes, já não tem mais nenhum interesse na continuação da sua existência. Num dia inútil como todos os outros, em que mais uma vez esperava ter encontrado o momento de meter uma bala na cabeça, foi abordado por uma menina que clamava por ajuda. Ele não só recusa o apoio à criança, como a espanta aos berros.
Ao voltar para casa, não consegue dar fim a sua existência. Adormece e sonha com a sua própria morte, com seu enterro e com uma vida após a morte. Viaja pelo espaço e por desconhecidas esferas. Experimenta a terra não manchada pelo pecado original e conhece os homens na plenitude da sabedoria e equilíbrio. Ele acredita que aquilo tudo foi real, pois as coisas terríveis que sucederam não poderiam ter sido engendradas num sonho.
A MONTAGEM
A adaptação se preocupa em manter o texto original de Fiódor Dostoiévski, que faz parte do livro Diário de um Escritor, publicado pela primeira vez em 1877. Propõe um espetáculo que explora o essencial das questões humanas de Dostoiévski, estabelecendo um diálogo direto com o contemporâneo. Sua arquitetura cênica é construída a partir da rua, do cortiço, do paraíso e do inferno – elementos da obra -, numa composição que sugere o onírico, onde o sentido do sonho é recuperado por meio do espanto ao colocar em um mesmo plano o imaginário do contemporâneo e a infância da humanidade. O real e o sonho se justapondo em um diálogo permanente durante o jogo cênico. O ator solitário em cena é uma opção estética inerente ao tema, que aborda a solidão e a sua superação.
Sobre Celso Frateschi
Celso Frateschi é ator, diretor e dramaturgo, tendo estreado no Teatro de Arena de São Paulo em 1970, em Teatro Jornal 1a. Edição, de Augusto Boal. Trabalhou com os principais diretores do teatro brasileiro, com Enrique Diaz, José Possi Neto e Domingos de Oliveira. Foi premiado nos espetáculos: Os Imigrantes, autoria própria, Prêmio Mambembe de Melhor Projeto (1978), Eras (1988), de Heiner Müller, Prêmio Shell de Melhor Ator, Do Amor de Dante por Beatriz, de Dante Alighieri, com adaptação de Elias Andreato, Prêmio Apetesp de Melhor ator (1996). Na televisão, participou de minisséries e novelas, como: Memorial de Maria Moura, A Muralha, O Beijo do Vampiro, Um Só Coração, Paixões Proibidas, Caros Amigos e Casos e Acasos. Na área da administração pública, foi Secretário de Educação, Cultura e Esportes do Município de Santo André entre 1989 e1992 e 1997 a 1998 e Secretário de Cultura do Município de São Paulo no período de 2003 a 2004. Também foi Presidente da Funarte de 2006 a 2008 e Secretário de Cultura de São Bernardo do Campo em 2009. É Professor de Interpretação na Escola de Arte Dramática da USP (EAD/ECA/USP).
Sobre Roberto Lage
Diretor teatral desde 1968, dirigiu textos de autores como Nelson Rodrigues, Oswald de Andrade, Guimarães Rosa, Mário Prata, Brecht, Molière, Carlos Queiroz Telles, Consuelo de Castro, Plínio Marcos, Shakespeare e Flávio de Souza, entre outros. Realizou trabalhos na Europa e seus espetáculos participaram de vários festivais internacionais. Juntamente com Celso Frateschi, idealizou e fundou em 1998 o Ágora – Centro para Desenvolvimento Teatral, em São Paulo. É, atualmente, presidente dessa associação sem fins lucrativos, voltada à formação e desenvolvimento de um pensamento teatral. Ao longo de sua carreira, foi contemplado com os prêmios Molière, Governador do Estado, Apetesp, Mambembe e APCA.
Sobre Fiódor Dostoiévski
O escritor russo Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski nasceu em Moscou em 1821. Aos 25 anos publica seu primeiro romance, Pobre Gente, onde trata da vida simples dos pobres funcionários da burocracia russa, que faz um extraordinário sucesso. Entre suas obras de maior importância destacam-se os romances O Idiota, Crime e Castigo, Os Demônios e Os Irmãos Karamázov. Publica também inúmeros contos: O Mujique Marëi, Sonho de um Homem Ridículo, Bobock e outros; além de novelas, O Senhor Prokhartchin, O Homem Debaixo da Cama, Uma História Suja e O Pequeno Herói. Cria duas revistas literárias O Tempo (Vrêmia) e Época, e ainda colabora nos principais órgãos da imprensa Russa. Em 1849 é preso por participar de reuniões subversivas. Condenado à morte, é submetido, juntamente com seus companheiros, a fuzilamento simulado, experiência que irá marcá-lo para o resto dos seus dias, cuja impressão deixará registrada em O Idiota. Deportado para a Sibéria, cumpre nove anos de exílio, sendo quatro na fortaleza de Omsk e cinco como soldado raso em Semipalatinski. Na prisão coletará dados, diálogos e histórias que constituirão As Recordações da Casa dos Mortos, romance autobiográfico. Epiléptico, suas crises se agravam na prisão. A doença – motivo de intermináveis dissabores para o escritor – vai marcar alguns dos principais personagens de seus romances, como o Príncipe Mishkin, em O Idiota, e Kirílov de Os Demônios. Morreu em 1881, aos 60 anos, em São Petersburgo.
Para roteiro
SONHO DE UM HOMEM RIDÍCULO – Com Celso Frateschi. Reestreia dia 29 de maio, domingo, às 19 horas. Texto – Fiódor Dostoiévski. Dramaturgia e interpretação - Celso Frateschi. Direção - Roberto Lage. Cenário e Figurino - Sylvia Moreira. Luz - Wagner Freire. Trilha Sonora - Aline Meyer. Imagens - Elisa Gomes. Temporada – Domingos às 19 horas. Ingressos – R$ 30,00 (meia-entrada para estudantes e pessoas com mais de 65 anos). Duração – 75 minutos. Censura – 12 anos. Gênero – Drama. Até 7 de agosto.
Ágora Teatro – Sala Gianni Ratto - Rua Rui Barbosa, 672 – Bela Vista. Telefone - 3284-0290 . Ingressos podem ser adquiridos pelo INGRESSO.COM. Estacionamento conveniado a R$ 5,00 (Rua Rui Barbosa, 714 – Car Park.
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