Translate

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

CALIGOLA - TEATRO restréia 05 de novembro - ultima vez no Brasil

Sucesso de crítica e público em São Paulo e depois de turnê nacional e temporada popular no Rio, com direção de Gabriel Villela, Calígula reestréia dia 5 de novembro no VIVO para encerrar a turnê brasileira



Depois de uma temporada de sucesso em São Paulo, capital e interior, turnê por 10 capitais brasileiras (Brasília, Campo Grande, Porto Alegre, Vitória, Salvador,Natal, Recife, Rio de Janeiro e Fortaleza) e Prêmio CONTIGO 2009 de melhor espetáculo e melhor ator (THIAGO LACERDA), a peça Calígula volta a São Paulo. Encerra a turnê brasileira e comemora quase 40 mil pessoas de público em 4 meses de temporada. No elenco, Thiago Lacerda, Claudio Fontana, Magali Biff , Cesar Augusto, Pedro Henrique Moutinho, Rogerio Romera e Helio Souto Jr

O diretor Gabriel Villela traz de volta a São Paulo sua montagem de Calígula, um dos maiores textos teatrais do século 20, peça clássica do escritor argelino/francês Albert Camus (1913-1960), dia 5 de novembro, sexta-feira, no Teatro VIVO, para uma temporada comemorativa, de sexta a domingo.

Comemorativa em função do sucesso de público e crítica na turnê nacional e preparando-se para encerrar a temporada em Lisboa, em 2011. Com tradução de Dib Carneiro Neto, a peça traz no elenco Thiago Lacerda (Calígula), Magali Biff (Cesônia), Cláudio Fontana (Cherea), César Augusto (senador romano e Ruffius, o poeta), Rogério Romera (Hélicon), Pedro Henrique Moutinho (Scipião, poeta) e Helio Souto Jr. (intendente do tesouro romano e Metellus, poeta). Cláudio Fontana, Rogério Romera, César Augusto e Helio Souto Jr. estreiam em São Paulo, não tendo participado da temporada anterior.

Escrita por Albert Camus (Prêmio Nobel de Literatura por sua obra em 1957) em 1942, a peça é a história de Gaius Caesar Germanicus, conhecido por Calígula, terceiro imperador romano, reinante entre 37 e 41, que ficou conhecido pela sua natureza extravagante e por vezes cruel. Calígula é o filho mais novo de Germânico e Agripina, bisneto de César Augusto. Ele irrompe em cena após a morte de Drusilla, sua irmã e amante, para expressar seu desejo de impossível - a lua, ou a felicidade, ou a vida eterna -, seu novo programa de vida - é preciso ser lógico até o fim, a todo custo - e sua descoberta do que acarretará como sendo a verdade absoluta - os homens morrem e não são felizes.

Calígula constata o absurdo e decide levá-lo às últimas consequências, perdendo os limites do poder, da liberdade, da razão, negando todos os laços que o prendem ao gênero humano. Definida pelo próprio Camus como uma tragédia da inteligência, Calígula traz uma compreensão de que ninguém pode salvar-se sozinho, nem pode ser livre à custa dos outros.

Direção
O diretor mineiro realiza seu sonho acadêmico, da época em que estudou o absurdo, e apresenta a terceira face de sua trilogia niilista, sobre o nada, iniciada com Esperando Godot, de Samuel Beckett, e Leonce e Lena, do dramaturgo alemão Karl Georg Büchner (1813-1837).

Sobre sua montagem, Gabriel Villela diz que, “por mais que Calígula trabalhe com alegorias e metáforas, é uma peça que tem o pé no chão, com uma sobriedade parecida com o Salmo 91. Se no Salmo 91 morrem figuras em estado de confinamento social, em Calígula é o extermínio da humanidade, como se a grande penitenciária fosse a terra”.

Com o barroco impregnado em seu estado de espírito, Gabriel Villela afirma que a estrela da peça é o verbo, o pensamento, enfim, o trabalho do ator. “A concepção da direção segue uma orientação do próprio autor, que privilegia a inteligência da palavra, como na tragédia grega, onde a ação está subordinada ao verbo. É um espetáculo de idéias, de inteligências.”

Felicidade, Liberdade , Poder
Os intelectuais da época de Camus reconheceram, atrás da máscara do imperador louco, a figura de Hitler. Em outros personagens, é bem visível a consciência lúcida daqueles que, naquele tempo, mesmo tendo consciência da tirania, não souberam fazer oposição a ela por causa de sua frágil identidade cultural.

Camus escreveu uma peça que aborda as questões da Felicidade, da Liberdade e do Poder. Uma reflexão sobre o Homem e sobre aqueles que podem ser os seus extremos, sobre a Loucura, o Absurdo e o Destino. Ao espectador atento, o texto sintetiza com eficácia outros traços da figura do imperador: a lucidez, a tristeza, uma envergonhada ternura, o remorso pelo amor perdido, a espantosa solidão, o desencanto e a ferocidade, dos quais afloram a medida de uma grandeza humana que, por mais enlouquecida que seja, não pode deixar de nos maravilhar.

É significativa, neste sentido, uma breve passagem do IV ato, na qual o filósofo Cherea declara aos senadores, já decididos pela conspiração para matar Calígula: “Reconheçamos, ao menos, que este homem exerce uma inegável influência. Obriga toda a gente a pensar.”

Sobre a montagem
Com duração de 1h40, a montagem de Gabriel Villela aproveita a perspectiva da arte dentro da arte, “A anatomia da peça é a metalinguagem”, diz o diretor, que explora o recurso do metateatro, e sempre na linha do teatro popular. A montagem valoriza a limpeza de movimentos, o tom lúdico a palavra, seguindo o padrão de Gabriel, do teatro de idéias, divertido, que não deixa o público fora da história.

Cenário e figurino

Alternando momentos de densidade dramática com outros mais irônicos, o espetáculo tem cenografia de JC Serroni. De acordo com o próprio Serroni, o cenário é moderno, clean. A ação se passa em um pátio, um castelo ou uma ruína de Roma, rodeado por bobinas de papel. Serroni trabalha com transparências obtidas por meio de telas. Elemento cênico que chama a atenção é a lua de quatro metros de diâmetro. É dela que nasce o personagem Calígula, rastejando. Calças e jaquetas de couro, os figurinos, enxutos, são assinados por Gabriel Villela. “O de Magali é mais elaborado em termos de indumentária, e em determinados momentos o de Calígula pede mais adereços”, informa o diretor.


O que escreveu Camus sobre Calígula
“Calígula foi escrita em 1938, depois que fiz uma leitura da obra Doze Césares, de Suetônio. Eu destinei esta peça a um pequeno teatro que criei em Argel e a minha intenção, desde o início, com toda simplicidade, era a de atuar eu mesmo no papel de Calígula. Os atores iniciantes têm dessas ingenuidades. E eu já tinha 25 anos, idade em que se duvida de tudo, menos de si próprio. A guerra me forçou à modéstia e Calígula estreou em 1946, no Théâtre Hébertot, em Paris. Calígula é, portanto, uma peça de ator e de diretor, mais do que de autor. Porém, que fique bem entendido: ela se inspira nas inquietações que eu tinha naquela época. A crítica francesa, que recebeu muito bem o espetáculo, freqüentemente escreve, para meu espanto, que se trata de uma peça filosófica. Mas será verdade?

Calígula, príncipe até então relativamente amável, acaba por perceber, com a morte de Drusilla, sua irmã e amante, que o mundo, tal como está, não lhe é satisfatório. A partir daí, obcecado pelo impossível, envenado de maldade e horror, ele tenta exercer, por meio do assassinato e da perversão sistemática de todos os valores, uma liberdade tamanha que não demorará para descobrir que não é uma liberdade boa. Ele recusa a amizade e o amor, a simples solidariedade humana, o bem e o mal. Ele enreda com palavras todos os que estão à sua volta, ele os força a encontrar uma lógica, ele nivela tudo ao seu redor pela força de suas recusas e por uma raiva destruidora. É onde reside sua paixão de viver.

Mas se sua verdade era se revoltar contra o destino, seu erro foi o de negar o humano. Não se pode a tudo destruir, sem destruir a si próprio. Calígula arrasa com o mundo ao seu redor e, fiel à sua lógica de vida, faz o que pode para voltarem-se contra ele todos os que terminarão por assassiná-lo. Calígula, a peça, é a história de um suicídio superior. É uma história sobre a forma mais humana e mais trágica de errar. Infiel ao homem, por fidelidade a si mesmo, Calígula consente em morrer, por haver compreendido que nenhuma criatura pode se salvar sozinha e, ainda, que não se pode ser livre à custa dos outros.

Trata-se, portanto, de uma tragédia da inteligência. É de onde se pode concluir, naturalmente, que o drama de Calígula foi totalmente de cunho intelectual. Pessoalmente, eu acho que conheço bem os defeitos desta obra. Mas procuro em vão a filosofia nesses quatro atos que escrevi. Ou, se ela existir ali, ela se encontra no nível da seguinte afirmação do herói: Os homens morrem e eles não são felizes. É uma ideologia bem modesta, pode-se notar, e eu até tenho a impressão de dividi-la com Monsieur de La Palice (1470-1525) e com a humanidade inteira. Não, minha ambição não era a filosofia, era outra. A paixão pelo impossível é, para o dramaturgo, um objeto de estudo tão valoroso quanto a sede de amar ou o adultério. Mostrar essa paixão em toda a sua fúria, justificando estragos e desencadeando confrontos – eis o que era o meu projeto. E é sobre esse aspecto que deve ser julgada a minha peça.

Uma última palavra. Alguns acham que minha peça é provocante e são os mesmos que, no entanto, consideram natural que Édipo mate o pai para se casar com a mãe ou os mesmos que aceitam fazer ‘ménage à trois’, desde que nos limites, é claro, de quatro sólidas paredes e em alta sociedade. Eu tenho pouca admiração por certo tipo de arte que só escolhe chocar por falta de saber convencer de outra forma. E se, por uma infelicidade, eu me pegasse realmente sendo escandaloso, seria apenas por causa desse gosto desmesurado que os artistas têm pela verdade ­– e um verdadeiro artista não consegue abrir mão da verdade, porque isso significaria renunciar à sua arte.”
Albert Camus, no prefácio à edição americana do livro ‘Théâtre’ (1958), antologia de suas peças pela editora Pléiade (tradução de Dib Carneiro Neto).

Ficha técnica
Calígula - Estreia dia 5 de novembro, sexta-feira,às 21h30 no Teatro VIVO. Temporada – 5 de novembro a 19 de dezembro. Sextas às 21h30, sábados às 21h e domingos às 19h. Texto: Albert Camus. Tradução: Dib Carneiro Neto. Direção e figurinos: Gabriel Villela. Cenografia: J C Serroni. Sonoplastia: Cacá Toledo e Daniel Maia. Elenco: Thiago Lacerda, Cláudio Fontana, Magali Biff, Pedro Henrique Moutinho, Rogério Romera, César Augusto e Helio Souto Jr.. Ingressos: sextas a R$ 50,00, sábados a R$ 70,00 e domingos a R$ 60,00. Desconto de 50% para clientes VIVO (com apresentação da fatura paga e identidade. Vendas pelo site www.compreingressos.com e na bilheteria do teatro Capacidade – 288 lugares. Duração – 110 minutos. Classificação etária: 14 anos. Sinopse - A história do imperador Gaius Caesar Germanicus, terceiro imperador romano, reinante entre 37 e 41, que ficou conhecido pela sua natureza extravagante e por vezes cruel.

TEATRO VIVO - Av. Dr. Chucri Zaidan, 860 - Morumbi. Telefone: 7420-1520. Estacionamento: Vallet - R$ 15,00. Capacidade: 290 lugares. Aceita todos os cartões de crédito. Ar condicionado. Acesso para deficientes. Audiodescrição para deficientes visuais e interpretação em libras para deficientes auditivos. Horário de funcionamento da bilheteria: terças e quartas-feiras das 14 às 20 horas. Quinta a domingo das 14 horas até o início do espetáculo. O Teatro Vivo oferece serviço de audiodescrição para pessoas com deficiência visual, às sextas-feiras, com reservas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário