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sábado, 25 de setembro de 2010

Tempo de Comédia reestreia dia 2 de outubro, sábado, no Teatro Cleyde Yáconis

Tempo de Comédia atrai pelo charme do texto, o tema, a dezena de atores e a encenação cinematográfica


Comédia do inglês Alan Ayckbourn, autor mais encenado no mundo, faz

divertida sátira aos bastidores da televisão e conta uma história de amor futurista

O charme do texto, o humor inteligente ("de gargalhar e, ao mesmo tempo, fazer pensar, questiona até a interferência do poder") e uma dezena de atores de formação distinta e qualidade em cena. Se não bastasse esses atributos, a diretora Eliana Fonseca lambe a cria e desperta mais ainda a curiosidade de seu interlocutor ao falar com entusiasmo de Tempo de Comédia. A peça, com patrocínio da Pirellli, estará no Teatro Cleyde Yáconis, a partir de 2 de outubro, sábado, às 21 horas.

Num futuro não muito distante, robôs substituem atores em novelas de baixo orçamento. Comédia, drama, conflitos e até uma história de amor prendem a plateia no texto do inglês Alan Ayckbourn, montado pela primeira vez no Brasil, com interpretação de Julia Carrera, Eduardo Muniz, Luiz Damasceno, Malu Pessin, Adriano Paixão, Bia Borin, Luciano Gatti, Lívia Lisboa, Lívia Guerra e Ricardo Ventura.

Ambientada em um switcher de TV no primeiro ato, Tempo de Comédia depois vai para um restaurante, uma butique, um hotel, um quarto de prostíbulo. Vários cenários e poucos elementos, como é o trabalho de Eliana Fonseca. Tudo com uma encenação cinematográfica, assim como gosta a empolgada diretora. No estúdio de TV, durante a gravação de uma novela, robôs substituem atores em produção barata.

Tortas voadoras e grande elenco
O texto tem a estrutura de um roteiro clássico de humor, costurado por situações cômicas, como inversões de expectativas, repetições e até tortas de creme que voam entre os personagens, resgatando o bom e velho humor clássico, irreverente e atemporal. A temática diferente é atrativo que entusiasma a diretora Eliana Fonseca, professora de Direção de Atores e Roteiro na Universidade Senac. Para ela, o grande barato da peça é o texto, a descoberta do dramaturgo. ”O autor é fera, sua carpintaria teatral é uma aula de comédia", vibra Eliana, também roteirista. "Depois, fiquei com vontade de ler tudo de Alan Ayckbourn."

A diretora destaca o numeroso elenco. "Eles são bárbaros e é maravilhoso montar uma peça com tantos atores, de formações distintas, que não integram um mesmo grupo. Malu Pessin é uma de nossas damas do teatro. Luiz Damasceno vem do grupo de Gerald Thomas e tem toda a turma mais jovem, cheia de garra e talento", fala, revelando os produtores Júlia Carrera e Eduardo Muniz. "O Brasil merece conhecer a carioca Julinha, atriz de uma organicidade impressionante."

Os protagonistas Eduardo Muniz e Julia Carrera foram fiéis ao texto de Alan Ayckbourn. “Em nenhum momento tentamos adaptar ou imprimir um aspecto local à peça porque percebemos que o humor e a contundência do texto ultrapassavam estes pormenores.” Quando eles reuniram as condições ideais para montar a peça, uma série de coincidências os levou até Eliana Fonseca. A diretora teve um entendimento imediato do texto. "A forma com que conduziu o trabalho nos deixou sempre à vontade para experimentar muito”, contam os produtores.



Trama no futuro
O jovem escritor Adam Trainsmith (Eduardo Muniz) conhece Chandler Tate (Luiz Damasceno), diretor de comédias aposentado, que vive à custa de dirigir atores robôs, os “actóides”, em novelas. O protagonista da novela comete uma série de erros que fazem a andróide JC-F31-333 (Julia Carrera) morrer de rir. A atriz-robô teme que o seu senso de humor seja um defeito, mas o escritor vê nisso uma vantagem. Ele apelida-a de Jacie e convence o velho diretor a criar uma comédia especialmente para ela. A situação desperta ciúmes em uma diretora, que ordena a limpeza da memória do robô. Adam entra em pânico e decide fugir com Jacie. Durante a fuga, o casal passa por situações inusitadas para, finalmente, se apaixonar.





O texto explora de forma inteligente a robotização dos artistas e a banalização dos programas e séries de TV. “Uma das motivações do autor ao escrever esta peça foi justamente manifestar sua insatisfação com a falta de preparo, a superficialidade e a mecanização dos atores na atualidade. E nós sabemos que a banalização da arte é uma questão mundial, de uma forma geral”, comenta Júlia.

Eduardo Muniz, que descobriu o texto quando morava em Nova York, conta que pressentiu, há quase seis anos, que “essa peça causaria uma identificação instantânea com o público brasileiro. A cada risada ou aplauso em cena aberta, fica evidente que o público reconhece esses robôs-atores do palco na televisão”.

Poucos dólares e muito sucesso
Depois de estudar teatro na Michael Howard Studios, em Nova York, em 2005, Eduardo Muniz queria voltar ao Brasil e montar A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller. Tinha 22 anos, alguns dólares no bolso e muita ingenuidade. Entrou na loja da Samuel French, importante editora de peças de teatro, perto da Broadway. “O pouco dinheiro que tinha não pagaria o direito autoral de uma única apresentação.” Sua frustração rendeu uma rápida conversa com o vendedor, que lhe sugeriu o pequeno livro Comic Potential, de Alan Ayckbourn.

Cinco anos depois, Eduardo Muniz e Julia Carrera conseguiram levar a comédia romântica ao palco. Tempo de Comédia (tradução para o português) estreou em abril no Teatro Popular do Sesi (SP), onde cumpriu duas temporadas, seguiu para o Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, depois para Campinas e gora volta a São Paulo. Foram mais de 40 mil espectadores em 6 meses ininterruptos de temporada.

Sobre o autor
Sir Alan Ayckbourn é hoje o dramaturgo vivo mais encenado em todo o mundo. Escreveu ao longo de meio século mais de 70 peças, quase o dobro do que escreveu William Shakespeare. Ganhador de inúmeros prêmios, entre eles Olivier, Tony e Molière, suas peças já foram traduzidas para 35 idiomas, são montadas no mundo inteiro e também adaptadas com grande sucesso para a televisão e para o cinema. Dirigiu mais de 300 peças, além de ter seu próprio grupo no National Theatre, em Londres. Foi diretor artístico do Stephen Joseph Theatre, em Scarborough, no Reino Unido por 37 anos, cargo que deixou em 2009. Continua a escrever, seu mais recente trabalho - Life Of Riley – é deste ano.


PARA ROTEIRO:
Tempo de Comédia - Reestreia dia 2 de outubro, sábado, às 21 horas, no Teatro CLEYDE YÁCONIS. Texto - Alan Ayckbourn. Tradução - Ricardo Ventura e Eduardo Muniz. Direção - Eliana Fonseca. Assistente de Direção - Malu Bazan. Elenco - Julia Carrera (Jacie), Eduardo Muniz (Adam), Luiz Damasceno (Chandler), Malu Pessin (Carla), Adriano Paixão (médico, garçom e alemão), Bia Borin (Prim), Luciano Gatti (Marmion e jovem), Lívia Lisbôa (mãe, esposa e prostituta), Lívia Guerra (Trudi e garota) e Ricardo Ventura (Lester e homem). Luminação - Marisa Bentivegna. Cenário - Ana Rita Bueno. Figurinos - Cláudia Schapira. Aderecista - Eduardo Cordeiro. Direção Musical - Fabio Tagliaferri. Programação Visual – Sato (Casadalapa). Fotos - Flávio Sagae. Diretor de Cena - Alex Sandro Silva. Operador de luz - Jeferson Bessa. Operador de som - Guilherme Ramos. Direção de Produção - Fernanda Signorini. Produção Executiva - Tili Woldby, Gabriela Penteado e Marcela Castilho. Duração - 110 minutos. Classificação indicativa - 12 anos. Temporada – Sexta, às 21h30, sábado, às 21h e domingo, às 19h. Ingressos – Sextas e domingos R$ 30,00 e sábados R$40,00. Até 28 de novembro. Patrocínio Pirelli.

TEATRO CLEYDE YÁCONIS – Avenida do Café, 277 – Jabaquara. Estação Metrô Conceição Telefone (11) 5070-7018. Capacidade – 288 lugares. Estacionamento – Rua Guatapará, 170 a R$ 15,00. www.teatrocleydeyaconis.art.br


"... A crítica à robotização dos artistas é explorada de forma inteligente pela direção de Eliana Fonseca. Alguns estereótipos — entre eles a executiva mercenária e as assistentes lésbicas — ganham um acento cômico para contrastar com o romance da segunda parte. Para a plateia, as risadas estão garantidas, assim como uma ponta de melancolia." Dirceu Alves Jr., Veja São Paulo (2010)


"... Tudo é muito bem urdido para criar expectativas e depois as quebrar, numa engrenagem cômica que exige precisão dos atores e talento quase coreográfico da direção..." Beth Néspoli, O Estado de São Paulo (2010)


Crédito de Imagens: Flavio Sagaes

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