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quinta-feira, 21 de março de 2013

Reflexão sobre mundo contemporâneo tem direção de Gilberto Gawronski


Com direção e cenografia do premiado Gilberto Gawronski, peça entra em cartaz no dia 28 de março. O texto é de Murilo De Paula, autor do Núcleo de Dramaturgia SESI-British Council. Sessões serão realizadas de quinta a domingo. A entrada é franca.

Buzinas, gritos, tiros. A luz acaba, elevadores, TVs e telefones não funcionam. Uma multidão ocupa as ruas, passa por cima das viaturas da polícia. Os trens do Metrô param no meio das linhas. Helicópteros sobrevoam o céu. Um casal refugiado, em seu apartamento, vive o desespero à espera da filha desaparecida. Teria Ana ido à casa de algum amigo? Com uma narrativa ágil, o drama contemporâneoANA NÂO ESTÁ estreia dia 28 de março, no Mezanino do Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso, na Avenida Paulista. As sessões serão realizadas de quinta a sábado, às 20h30, e aos domingos, às 19h30. A entrada é franca.

Resultado da nova safra de talentos revelados pelo Núcleo de Dramaturgia SESI- British Council (projeto que fomenta a dramaturgia e apresenta uma peça a cada semestre), o espetáculo apresenta o texto de Murilo De Paula, a interpretação de Ederson Miranda, Eliot Tosta, Raiani Teichmann, Lívia Piccolo – atores (e o assistente de direção Maurício Schneider) semeados na entidade. A montagem inédita tem a direção do ator e diretor Gilberto Gawronski, figurino de Fabio Namatame, luz de Wagner Freire, trilha sonora deWarley Goulart e vídeos de Jorge Neto.

O drama tem como pano de fundo o sumiço de Ana durante um dia de caos na metrópole, agravado pelo apagão elétrico e pela falta de informação nos noticiários. Ninguém sabe o que está acontecendo na cidade. Em meio à desordem urbana, um casal espera angustiado pela volta de sua filha de 14 anos.

Com um olhar atento ao cotidiano e utilizando ferramentas da cena contemporânea (projeções, narrativas, sonoridades), o espetáculo faz uma radiografia dos personagens que interpretam os aflitos pais de Ana. Eles convivem e tentam lidar com a perda de suas ideologias juvenis, representando o típico casal que, durante o período da ditadura militar, absorveu importante bagagem de conhecimento sociopolítico e manteve compromisso ideológico com os problemas de seu tempo.

A iluminação enfatiza a dramaticidade e a trilha sonora é baseada em ruídos urbanos, usados com doses de musicalidade. O figurino tem como referência a rotina na metrópole. Já o cenário é a sala de estar de um apartamento: móveis, objetos e fotos remetem a lembranças. A janela utiliza projeções e faz referências à tecnologia atrelada ao dia-a-dia e seus múltiplos significados.


Carpintaria Teatral

Uma das inspirações para a criação da trama veio do livro Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman e da pintura de Iberê  Camargo. “Os personagens estão em um processo de transformação assim como a sociedade, buscam uma afirmação como propõe o conceito do sociólogo polonês. Assisti também a um vídeo do Iberê em que ele pintava diversas vezes um quadro até atingir o nível desejado. Baseei-me nesta ideia para a construção dramatúrgica”, conta o autor paulista Murilo De Paula.

 

O dramaturgo ressalta uma das principais intenções da trama: “a tentativa é de se criar uma estrutura que beire a lógica do sonho até uma aproximação com uma estética surrealista. O desejo é que as pessoas saiam com a sensação de que sonharam o que se passou no palco”.

 

Sobre o Núcleo de Dramaturgia SESI- British Council, Murilo De Paula diz que “durante o processo os participantes têm contato com profissionais renomados do teatro brasileiro e internacional. Existe uma troca de ideias e experiências nos encontros, uma oportunidadepara aprimorar o leque teatral”.

“A janela revela um mundo exterior. Esse ambiente fechado é uma metáfora para a atualidade. Somos conduzidos pelos meios virtuais como GPS ou ficamos focados em aparelhos eletrônicos. Na peça, os limites emocionais são rompidos, as fronteiras entre consciente e subconsciente tornam-se frágeis como o grande vidraça da sala do apartamento. Existe uma erupção de questões humanas e sociais”, diz o diretor.

Gilberto Gawronski - um apaixonado pela dramaturgia contemporânea - mergulha no universo criado pelo autor Murilo De Paula, usando na montagem uma estética moderna. “O diálogo ágil que o autor construiu imprime ritmo e ao mesmo tempo estimula os demais atores a jogarem”, revela o diretor. Segundo ele, o trunfo da peça é colocar no centro da encenação o jogo da interpretação com os principais aspectos estéticos que estão a serviço do ator. “Esse grupo de novos talentos conseguiu uma unidade de estilo e interpretação. O público pode esperar ver atores buscando uma linguagem do seu tempo sem esquecer os princípios básicos que formam um artista”, define, com entusiasmo, Gawronski.

Gawronski enxerga similaridades da peça com Dama da Noite, de Caio Fernando Abreu, trabalho com o qual teve uma história de 15 anos de estrada. “Ambos os espetáculos tem uma identificação com São Paulo, porém transcendem o lugar em que foram criadas. Os medos e angústias dessa história podem se passar em qualquer metrópole.”


Sobre o diretor
Gaúcho, 51 anos, o diretor mudou-se para o Rio depois de encenar a peça Pode Ser que Seja só o Leiteiro lá Fora, de Caio Fernando Abreu. Criou efeitos de vídeo e sonorização para o monólogo Ato de Comunhão (eleito entre os 10 melhores espetáculos em cartaz) e recebeu os seguintes prêmios: Shell pela cenografia de Por uma vida um pouco menos ordinária, APCA pela direção cênica deSertão, Qualidade Brasil pela direção de Mulher Desiludida e SHARP pela direção de Dama da Noite, de Caio Fernando Abreu, em 1998. Foi apontado pela mídia por sua irreverência como encenador, em Pop by Gawronski.

Assinou a direção cênica do trabalho Cruel (de Deborah Colker) e foi precursor em montar o autor Bernard Marie Koltès no Brasil - atuação e direção por Na solidão dos campos de algodão, espetáculo integrante da lista dos 100 melhores espetáculos da História do Teatro Brasileiro, segundo a Revista Bravo, além de Mambembe de melhor espetáculo e melhor ator para Ricardo Blat. Por sua atuação em Dorotéia, de Nelson Rodrigues, Gawronski foi considerado o destaque da montagem. 

Ficha Técnica:

Texto: Murilo De Paula. Direção: Gilberto Gawronski. Trilha: Warley Goulart. Elenco: Ederson Miranda, Eliot Tosta, Raiani Teichmann e Lívia Piccolo.Assistência de direção: Maurício Schneider. Figurino: Fabio Namatame. Iluminação: Wagner Freire. Cenografia: Gilberto Gawronski. Direção de Produção:Wagner Uchoa. Produtora Executiva: Isabel Gomez.


SERVIÇO:

Ana Não Está. Mezanino do Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso (SESI) – Avenida Paulista, 1313 – Metrô Trianon-Masp. Temporada: de 28 de março a 30 de junho - de quinta-feira a sábado, às 20h30, e domingo, às 19h30. Classificação: 14 anos. Capacidade: 50 lugares. Duração: 70 minutos. Gênero: Drama.Informações: (11) 3146-7405.

Entrada: franca - A distribuição dos ingressos tem início a partir da abertura da bilheteria no mesmo dia do evento. São distribuídos dois ingressos por pessoa.

Horário de funcionamento da bilheteria em março: de quarta a sábado, das 13h às 21h; domingo, das 13h às 20h.
Horário de funcionamento da bilheteria em abril: de quarta a sábado, das 13h às 21h; domingo, das 11h às 20h.

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