Entre 25 de junho e 15 de agosto, a Sala Renée Gumiel da Funarte São Paulo recebe o grupo de João Pessoa, PB, Coletivo de Teatro Alfenim e a Ocupação Fora do Eixo. Fundado e dirigido pelo dramaturgo Márcio Marciano, o grupo apresenta os espetáculos Quebra-Quilos (2008) e Milagre Brasileiro (2010), vencedor do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008, além de fragmentos de Contos do Ponto de Cem Réis (peça em processo de criação e com estreia prevista para agosto).
Além das apresentações do repertório, o projeto prevê duas sessões em horário alternativo para estudantes de escolas próximas à Funarte, seguidas de debates, uma vez que o tema de Quebra-Quilos é a rebelião popular ocorrida no séc. XIX contra a implantação do sistema métrico decimal e Milagre Brasileiro fala dos “anos de chumbo” da Ditadura Militar. Ambos constam da grade curricular do ensino médio.
Será realizada também a oficina A Ação Física Como Suporte Para a Narrativa Cênica, sob coordenação de Márcio Marciano; uma mesa-redonda com a presença de Sérgio de Carvalho sobre as dramaturgias do Coletivo de Teatro Alfenim e da Companhia do Latão; e o lançamento do livro Caderno de Apontamentos do Milagre Brasileiro, que reúne artigos, entrevistas e ensaios do grupo e de colaboradores sobre o processo de criação da peça.
Programação - Alfenim: Ocupação Teatro Fora do Eixo
Espetáculo: Milagre Brasileiro
Temporada: 25 de julho a 1º de agosto - sextas e sábados (21h30) e domingo (20h30)
Duração: 80 min – Classificação etária: 14 anos – Gênero: Drama
Texto, direção e cenário: Márcio Marciano
Elenco: Adriano Cabral, Ana Marinho, Daniel Araújo, Daniel Porpino, Fernanda Ferreira, Paula Coelho, Verônica Souza e Zezita Matos.
Direção musical: Wilame AC e Diego Souza
Figurinos: Maria Botelho e Vilmara Georgina
Iluminação: Ronaldo Costa
Músicos: Wilame AC (piano e viola) e Diego Souza (Violoncelo)
Milagre Brasileiro é um espetáculo experimental que aborda os “anos de chumbo” da Ditadura Militar, culminando com a decretação do AI-5. Seu foco é o desaparecido político, sujeito cuja estranha condição, nem morto nem vivo, serve de ponto de partida para a investigação de um dos períodos mais sombrios da história brasileira. A partir da experimentação de novas formas narrativas e com a execução ao vivo de sua partitura musical, o espetáculo põe em cena a figura mítica de Antígona para dialogar com nossos mortos. Também utiliza como referência o “teatro desagradável” de Nelson Rodrigues e seu Álbum de Família.
Marciano afirma ter observado uma coincidência entre a imaterialidade do “desaparecido político” e a condição da “personagem” na dramaturgia pós-dramática. Para alcançar uma dimensão trágica dessas coincidências, o grupo recorreu à Antígona, tanto a de Sófocles quanto a de Brecht. A confrontação desses materiais gerou uma dramaturgia que põe em crise a narratividade pós-dramática, “mas não porque queríamos abrir mão da ‘fábula’, e sim, porque preferimos pôr em cena a supressão de nossa própria História. Afinal, tanto no período da Ditadura quanto no âmbito da dramaturgia contemporânea, parece que a ‘fábula’, que teria a função de nos situar criticamente diante do mundo, foi abolida”, explica o diretor.
Serviço:
Complexo Cultural Funarte De São Paulo
Coletivo de Teatro Alfenim: Ocupação Teatro Fora do Eixo
De 25 de junho a 15 de agosto de 2010
Sala Renée Gumiel
Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos/SP - Tel: (11) 3662-5177
Ingressos: R$ 10,00 (meia: R$ 5,00) – Bilheteria: 1h antes das sessões - Capacidade: 60 lugares
Aceita cheque e dinheiro – Ar condicionado e acesso universal. Não possui estacionamento.
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