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terça-feira, 12 de março de 2013

Brincando com a Morte traz para o Brasil o humor negro de Funeral Games, de Joe Orton


O autor é considerado um dos dramaturgos mais originais do século XX.

Com direção de Alexandre Tenório, a peça Brincando com a Morte (Funeral Games) do dramaturgo inglês Joe Orton estréia no dia 15 de março, sexta, no Teatro Cultura Artística – Itaim, às 21 horas. Suspense, humor negro, situações surreais, comédia e melodrama permeiam a montagem que fala do uso da fé como instrumento de manipulação e geração de riquezas, de um suposto adultério e de assassinatos.

Traduzida por Eduardo Muniz, o espetáculo tem elenco formado por Fernanda CoutoEdu Guimarães,Kiko Vianello, Tadeu Di Pyetro e Rodrigo Sanches. A ficha técnica tem ainda Theodoro Chocrane na criação do figurino, Chris Aizner na cenografia, Caetano Vilela na iluminação, Dr. Morris na trilha sonora e Carlos Mamberti na produção.

Brincando com a Morte foi escrita, originalmente, para a televisão, em 1966, no período mais criativo da carreira de Joe Orton que vai até 1967. O diretor AlexandreTenório afirma que o texto é mais atual e contundente hoje, dentro da realidade brasileira, do que quando foi escrito. “Funeral Games tem a força necessária para entrar no subconsciente da sociedade, pela fresta do social e emocional”.

Carregada de um humor ácido, a peça é uma sátira à caridade cristã. Critica a hipocrisia, as falsas religiões e também a moral vigente. Orton, em sua curta e intensa carreira surpreende, choca e diverte com refinamento e deboche, revelando as contradições humanas.

A trama

As referências geográficas mais específicas da peça, originalmente inglesas, foram adaptadas para o Brasil atual. No enredo, Pringle (Kiko Vianello) é pastor de uma irmandade vigarista que recebe uma carta anônima que acusa sua esposa Tessa (Fernanda Couto) de manter um relacionamento com outro homem, McCork (Tadeu Di Pyetro). Ele contrata o detetive Caulfield (Edu Guimarães) para investigar o caso. O possível amante, por sua vez, é também suspeito de ter assassinado a própria esposa. O adultério é um equivoco. Tessa é inocente. Mas a confusão se instala quando Pringle diz que a esposa “partiu” e todos pensam que ele a matou. Situações surreais com uma lógica toda particular se sucedem, onde ética e moral estão a serviço da conveniência de cada personagem.

A montagem

A encenação parte do princípio de que todo ser humano é esquecido e todos viram pó. Apesar dos homens se digladiarem por fama, fortuna e poder, eles terminarão sempre no cemitério. No início da peça é como se o público adentrasse em um cemitério; as personagens começam e terminam a história como se fossem estátuas de pedra. O diretor Alexandre Tenório conta que a impressão primeira do público tem relação com a estranheza, mas depois a trama constrói uma lógica que envolve o espectador.

O diretor também explica que a montagem brinca com a farsa e com a realidade: “a peça tem estrutura de farsa, muito ligada ao suspense. Nos dois gêneros você precisa acreditar que o corpo está no porão, que o amante está no armário, que a mão escondida dentro da lata é humana”. Ele explica que a peça é atual com referências contemporâneas, mas a estética é medieval. “O mundo atual está mergulhado em memórias góticas”, completa.

O ambiente da história de Orton é amoral. O que lhe importa são os interesses pessoais e políticos, a imagem pública. Ele critica tudo numa trama que envolve vários níveis políticos, sociais e raciais. E não perdoa nada. Coloca em cheque tanto os fatores políticos, econômicos e religiosos, quanto a imprensa, a moral e a sociedade. O diretor comenta que Brincando com a Morte pretende causar no espectador a sensação de que ele está em um sonho, ou pesadelo, mas há de perceber que os fatos absurdos testemunhados são como aqueles que nos acometem no dia a dia e que aceitamos como se tudo fosse plausível”.

O cenário (Chris Aizner) é composto por áreas que se sobrepõem. Uma única peça com duas salas e um escritório ao centro acolhe as cenas. A cenografia tem um tom eclesiástico, remetendo à religiosidade. O figurino (Theodoro Chocrane) valoriza a importância da imagem, a sedução, os personagens usam roupas alinhadas e cabelos bem penteados.

Ficha técnica
Espetáculo: Brincando com a Morte
Texto: Joe Orton     
Tradução: Eduardo Muniz
Direção: Alexandre Tenório
Elenco: Fernanda CoutoEdu GuimarãesKiko Vianello, Tadeu Di Pyetro Rodrigo Sanches.
Figurino: Theodoro Chocrane
Cenário: Chris Aizner
Iluminação: Caetano Vilela
Trilha sonora: Dr. Morris
Programação visual: Estúdio Bogari
Direção de produção: Carlos Mamberti
Produção executiva: Daniel Palmeira
Realização: Ananda Produções e CD4 Produções
Patrocínio: Carbocloro, Porto Seguro e Vedacit
Apoio: ProAC – ICMS (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo)
Serviço
Estréia oficial: Dia 15 de março – sexta-feira – às 21 horas
Teatro Cultura Artística - Itaim
Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1830 - Itaim Bibi/SP - Tel: (11) 3256-0223
Temporada: sextas (21h30), sábados (21 horas) e domingos (18 horas) – Até 02/06
Ingresso: R$ 40,00 (sexta e sábado) e R$ 30,00 (domingo)
Classificação etária: 16 anos. Duração: 70 min. Gênero: Suspense
Capacidade: 303 lugares. Bilheteria: Terça a quinta (15h-19h), sexta e sábado (após 15h) e domingo (após 14h). Aceitas todos os cartões. Ar condicionado.
Acesso universal. Ingresso p/ telefone: (11) 3258-3344. Estacionamento: R$ 18,00


Joe Orton - autor
(Informações retiradas da biografia Prick up Your Ears, de John Lahr)

Entre 1963, quando sua primeira peça foi montada, e 1967, quando morreu, o inglês Joe Orton se tornou um dramaturgo de reputação internacional. Sua obra era pequena, mas seu impacto era imenso. Em 1967, o termo “orthonesco” estava incorporado ao vocabulário inglês, um adjetivo compacto para descrever cenas violentamente ultrajantes. Orton escreveu três grandes peças – Entertaining Mr. Sloane (Entretendo o Sr. Sloane)Loot (O Olho Azul da Falecida) e, a postumamente montada, What the Butler Saw (Aquilo que o Mordomo Viu), além de outras quatro peças curtas. Em sua meteórica carreira, foram feitos dois filmes baseados em suas peças; e Loot recebeu o prêmio do Evening Standard de melhor peça de 1966. As peças de Orton sempre escandalizavam as plateias, mas sua sagacidade (wit) fazia o ultraje memorável.

A morte de Orton – tão intrinsecamente atada à ironia de seu fascínio pelo grotesco – despertou grande interesse público. Nenhum outro dramaturgo havia tido um fim tão medonho. A notícia foi primeira página em todos os grandes jornais ingleses. O obituário do The Times (escrito pelo crítico de teatro Irving Wardle) dizia que Orton era “um dos mais refinados estilistas da nova dramaturgia britânica... um legítimo artista do diálogo e um anarquista por natureza”. Foi a melhor crítica que Orton recebeu em toda sua vida. Quase que instantaneamente a morte de Orton se tornou mais famosa que sua obra. Muitos a interpretaram como resposta a sua implacável postura anárquica e seu humor. Mas Orton nunca se submeteu à condição de um mártir constrangido pela sociedade. Tão pouco foi vítima do culto ao êxtase que tirou a vida de tantos artistas pop dos anos 60. Orton foi assassinado a marteladas por seu companheiro Kenneth Halliwell, que pouco tempo depois, dominado pelo remorso cometeu suicídio.



Assessoria de imprensa: VERBENA Comunicação

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