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terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Olho Azul da Falecida


           Cia Limite 151 e o ator Marco Pigossi estreiam a comédia 
                               O Olho Azul da Falecida no Teatro GEO

Peça ácida do dramaturgo inglês Joe Orton estreia em montagem da companhia carioca em São Paulo, no dia 9 de novembro. No elenco estão os atores Genézio de Barros, Gláucia Rodrigues, Marco Pigossi, Helder Agostinni, Rico Malta e Élcio Romar, sob direção de José Henrique

Um homem de luto pela morte de sua esposa, uma serial killer viúva de sete maridos, um ladrão em conspiração com um agente funerário, um tesouro e um cadáver, que está presente em toda, a trama fazem parte da comédia de Joe Orton. Em montagem produzida pela Cia Limite 151 e pelo ator Marco Pigossi, O Olho Azul da Falecida  estreia dia 9 de novembro, sexta-feira, às 21h30, no Teatro Geo.

Com tradução de Barbara Heliodora e direção de José Henrique, a encenação conta com os atores Genézio de Barros,Gláucia Rodrigues, Marco Pigossi, Helder Agostinni e Rico Malta e com a participação especial de Elcio Romar. O espetáculo tem cenário de José Dias, figurinos e adereços de Samuel Abrantes, música original de Wagner Campos e iluminação e Rogério Wiltgen.

Para o diretor José Henrique - que já trabalhou com a Cia Limite 151 em As Eruditas, de Molière, em 2007, e ainda cumpre temporadas pelo Brasil -, O Olho Azul da Falecida é uma joia rara de carpintaria teatral. É uma engenhoca de fabulação absurda, onde enredos díspares entrelaçam-se e fundem-se a golpes de martelo, misturando ingredientes de comédia com tramas policiais”.

 

Sinopse
O sr. McLeavy (Elcio Romar) é um homem inocente de luto pela morte de sua esposa. Seu filho, Hal, em conspiração com um agente funerário chamado Dennis, que é também seu amante, assaltam o banco ao lado da funerária. Quando o detetive Truscott (Genézio de Barros) começa a busca, bisbilhotando a casa do Sr. McLeavy (Élcio Romar), Hal (Marco Pigossi) e Dennis (Helder Agostinni) decidem esconder o tesouro no caixão da mãe.

Como ambos não cabem lá, eles movem o cadáver para o guarda-roupa, pondo em movimento um jogo que marca o dilema do que fazer com o corpo. Fay (Gláucia Rodrigues), a enfermeira que matou a Sra. McLeavy, tem planos de se casar e depois matar o Sr. McLeavy e é, por algum motivo, o objeto de afeto de Dennis.

Os tempos estão difíceis e a humanidade, a todo custo, tenta manter as aparências. Faz e desfaz as mais surpreendentes alianças, sempre com o firme propósito de “se dar bem”, de conquistar aquilo que mais interessa: dinheiro. As personagens da trama disputam um jogo estonteante, onde blefar é a regra geral, dentro de uma situação absolutamente rotineira que vai sendo conduzida para um ângulo totalmente absurdo.

 

O texto ácido de Joe Orton

O dramaturgo inglês nascido em Leicester (Inglaterra) ficou conhecido por suas comédias de humor ácido. Escreveu cinco peças de teatro e morreu tragicamente, aos 34 anos, ao ser brutalmente assassinado em 1967.

Os traços principais do texto, de acordo com o diretor José Henrique, “são a crítica feroz e irreverente às instituições mais características dos britânicos, como a religião, a polícia, a polidez nos relacionamentos, a relação com a morte e outros aspectos; e o uso da linguagem para a construção do absurdo, encadeando falas sem preocupação de coerência contextual”.

Para Gláucia Rodrigues, atriz que fundou a Cia Limite 151 ao lado de Edmundo Lippi, há 22 anos, o autor é “um demolidor dos costumes e da moral. Ele tem uma maneira de escrever muito própria, um texto que beira o absurdo com sua lógica”. Gláucia interpreta a serial killer Sra McLeavy, que já matou sete maridos. Com veia cômica, a atriz faz comédia há muitos anos, mas não se considera uma comediante. “O texto de O Olho Azul da Falecida é muito intenso. Vou direto a ele e me envolvo. Essa é a receita para a comédia funcionar”, conta.

Co-produtor da peça, Marco Pigossi atuou com a companhia em O Santo e a Porca, As Eruditas e no Auto da Compadecida, e conta que o processo para a construção do personagem está sendo enriquecedor. “O texto tem uma linguagem completamente diferente do que estou acostumado a trabalhar, principalmente na televisão. É uma comédia de humor negro, que beira à farsa”, conta o ator.

Marco Pigossi, que alia os ensaios às gravações da novela Gabriela (TV Globo), interpreta Hal, um jovem extremamente inteligente e perspicaz, que resolve assaltar um banco para usar o dinheiro para fugir do universo católico em que foi criado e que considera hipócrita. “Porém Hal tem um grande problema: é incapaz de mentir. Isso complica as coisas, pois um ladrão precisa saber mentir. Meu personagem tem uma verdadeira fixação com tudo que quebra os paradigmas que cercam aquelas pessoas. Essa contradição é muito interessante de se trabalhar”, conclui.

Elcio Romar, ator convidado que interpreta o Sr. McLeavy conta que seu personagem é vítima de toda a história. “Já conhecia o texto e adorava. É um prazer fazer parte dessa história. A peça ficou com um elenco uniforme e coeso. É uma comédia com o fino humor inglês”, conta ele.

“Em termos de trama, pode-se considerar a predominância de humor negro, pois, afinal de contas, estamos o tempo todo diante de um caixão com uma defunta. Mas entram, ainda, na construção das piadas elementos fortes de farsa, nonsense, mal-entendido e sátira”, conta o diretor José Henrique.

“Joe não deixa pedra sobre pedra, ataca a tudo e a todos. A família, o luto, a justiça, o casamento, a religião e outras instituições são achincalhadas pela sua verve anarquista. O autor inverte valores, aglutina contradições, expõe as compulsões e ambições de natureza humana num mosaico corrosivo sobre os empedernidos conceitos morais vigentes numa cultura dita civilizada”, conclui.

A montagem
Sobre a concepção de sua direção, Zé Henrique explica: “Estou conduzindo o espetáculo de modo muito servil ao texto e ao elenco. Orton foi um dramaturgo de choque pelos assuntos que abordava e pela forma como os tratava, não por característica de linguagem cênica. Deve-se dar espaço às palavras e à interpretação dos atores, sem intervenções estilísticas. Evito conferir à montagem uma encenação muito autoral, procurando facilitar a ocorrência do mecanismo dramatúrgico proposto pelo autor”.

Com relação à montagem, o diretor diz que “o cenário, de José Dias, cria um ambiente bem definido, mas solto no grande palco do Teatro Geo. As paredes do ambiente único, uma sala na casa da família McLeavy, são sugeridas por estruturas vazadas. O fator mais importante, plenamente alcançado, era viabilizar o quiprocó que vai tomando conta da ação, com movimentações de caixão e defunta para todo lado”.

Os figurinos de Samuel Abrantes atendem à necessidade de caracterizar com clareza os tipos de cada personagem, “reforçando o tom farsesco da peça. A trilha sonora (de Wagner Campos) e a iluminação (de Rogério Wiltgen), como convém a uma comédia, dão o apoio à composição da atmosfera, sem enveredar pelo sentimentalismo das peças sérias”, finaliza o diretor.


Sobre o autor
John Kingsley (Joe) Orton (Leicester, 1933 - Londres, 1967) foi um dramaturgo inglês, conhecido por suas comédias negras subversivas. Suas peças utilizam diálogos epigramáticos e tramas farsescas para satirizar a autoridade e subverter a moral convencional. Orton teve uma carreira curta, mas prolífica. O neologismo "ortonesco"(ortonesque) é hoje frequentemente usado para descrever um cinismo sombrio, mas farsesco. Morreu tragicamente ao ser brutalmente assassinado em 1967.

Sobre Cia Limite 151
Formada pelos atores Gláucia Rodrigues e Edmundo Lippi e pelo compositor e diretor musical Wagner Campos, a Cia Limite 151 tem como objetivo contribuir com o processo de produção e difusão de um repertório teatral o mais amplo possível, preenchendo lacunas existentes no mercado cultural profissional. Comemorando seus 22 anos de existência, a Cia Limite 151 já encenou as peças: "Os Sete Gatinhos" de Nelson Rodrigues; o infanto-juvenil "Dom Quixote", adaptação de Wagner Campos; "A Comédia dos Erros" e "O Mercador de Veneza", de William Shakespeare; "À Margem da Vida" de Tennessee Williams;"Frankenstein" de Mary Shelley; "O Olho Azul da Falecida" de Joe Orton; "A Moratória" de Jorge Andrade; "O Santo e a porca" e “O Auto da Compadecida “ de Ariano Suassuna; "Vicente Celestino - A Voz Orgulho do Brasil" de Wagner Campos; “Thérèse Raquin” de Emile Zola e “As Eruditas”,  "As Malandragens de Scapino""O Avarento""Tartufo, O Impostor" e "As Preciosas Ridículas" todas de Molière.

FICHA TÉCNICA:
Texto: Joe Orton. Tradução: Bárbara Heliodora. Direção: José Henrique. Elenco: Genézio de Barros, Gláucia Rodrigues, Marco Pigossi, Helder Agostinni e Rico Malta. Cenário: José Dias. Figurino: Samuel Abrantes. Iluminação: Rogério Wiltgen. Trilha Sonora: Wagner Campos: Produção Executiva: Valéria Meirelles. Direção de Produção: Edmundo Lippi.

SERVIÇO

O Olho Azul da Falecida estreia dia 9 de novembro, sexta-feira, às 21h30 no Teatro GEO - Rua Coropés, 88 – Pinheiros. Telefone: 11 3728 4925. Temporada: sextas, às 21h30 / sábados, às 21h / domingos, às 19h. Censura: 12 anos. Duração: 90 minutos. Capacidade: 627 lugares. Ingressos: R$ 60,00 (6ª. feira)  R$ 70,00 (sábado e domingo). Até 16 de  dezembro.

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