terça-feira, 7 de agosto de 2012

SESC Belenzinho apresenta peça inédita de João Fábio Cabral com a Cia. dos Inquietos


Um Verão Familiar tem direção de Eric Lenate e elenco formado por Ed Moraes, João Bourbonnais, Lavínia Pannunzio e Renata Guida.

Depois do sucesso da montagem de 2011, Limpe Todo o Sangue Antes que Manche o Carpete, do carioca Jô Bilac, a Cia. dos Inquietos aposta em outro texto inédito de autor contemporâneo. Um Verão Familiar, de João Fábio Cabral, estreia dia 16 de agosto, quinta-feira, no SESC Belenzinho, às 21h30, com direção de Eric Lenate.

No elenco, além do fundador do grupo Ed Moraes, estão os atores convidados João Bourbonnais,Lavínia Pannunzio e Renata Guida. A peça narra o drama de Júlio (Ed Moraes) um homem simples, sensivel e solitário. De volta às sua origens, ele revive suas angústias e traumas, diante da complexidade da relação familiar.

Para o diretor, a memória e as reminiscências da vida familiar constituem o cerne da narrativa, marcada pela profunda solidão dos personagens. “Comumente associada às tentativas frustradas de salvar relações, a solidão culmina na loucura e no desamor. Por essa razão e por expor faces contraditórias da sensibilidade contemporânea, Um Verão Familiaraproxima o homem de si mesmo.” Comenta Eric Lenate.

“O acesso à memória de nossa própria infância foi a principal motivação para esse trabalho. Criamos um diálogo entre os argumentos propostos pelo autor e nossa vivência. Mergulhamos em fatos que podem ter sido esquecidos, deturpados pelo tempo ou até mesmo serem pura ficção”. Revela o diretor. Para ele, João Fábio Cabral consegue dar forma e expressão para uma das estruturas arquetípicas de maior poder na história da formação da psique humana: a família: “ele propõe um retrato fracionado, bastante borrado do que um dia foi uma estrutura familiar”.

Outra característica fundamental em Um Verão Familiar é a narrativa fragmentada. Uma espécie de quebra cabeças oferece diversas possibilidades de entendimento. Cabe ao espectador distinguir o que é real e o que é ficção em cada drama vivido pelo protagonista, em cada trauma processado por sua memória.

Apoiado pelo tom confessional de Júlio, com interferências precisas e determinantes dos outros personagens (Pai, Mãe e Irmã), João Fábio estabelece uma linha narrativa oscilante entre a realidade e a ficção. O autor não estabelece linhas limítrofes entre uma coisa e outra, muito menos traça uma linha cronológica dos acontecimentos. Tecidos neste emaranhado de memória, que poderia ser de Júlio ou de qualquer um de nós, o espetáculo abre à visitação a um espaço do inconsciente coletivo.

A encenação

O diretor Eric Lenate explica que, para dar vida ao texto de João Fábio Cabral, eles (atores e diretor) emprestaram muitas coisas à encenação. Um Verão Familiar exala desejos que ficaram guardados na infância, pedaços confusos de lembranças, portanto mexe com nossas próprias histórias, diz. Todos colaboraram no processo, inclusive com objetos e adereços pessoais para as cenas, criando uma maior empatia entre atores e personagens. Lenate explica que descobriram juntos a linguagem exata da peça trabalhando nos planos menos palpáveis da lembrança e da memória. Exploramos um maior grau de subconsciência para expor o que acontece em cena

Calcada mais em um plano impressionista que concreto, a direção optou por uma encenação limpa e concisa, principalmente porque o texto já traz uma carga dramática bastante forte. A encenação segue como uma pintura, como quadros que desenham a história dessa família. Neste ponto iluminação (de Aline Santini) é fundamental. A base é um grande ciclorama que contorna esses quadros e valoriza as silhuetas em um desenho pouco usual em iluminação teatral.

Para sintetizar a ambientação desse apartamento que há muito não é habitado, a cenografia  (de Eric Lenate) não é realista. Alguns elementos sintetizam esta ideia, a exemplo do piso imitando um ladrilho antigo. Uma mesa de jantar tem grande significância, pois representa a reunião familiar, onde muita coisa deveria ter sido dita. A solidão e o abandono (tanto da casa quanto do interior do protagonista) também tem reflexo é um tonel que acumula a água de chuva vinda de uma crescente goteira.

Sinopse

Júlio, personagem central da trama, é jardineiro: homem sensível, apaixonado por plantas e pelas artes. Criado num ambiente hostil, opressivo e contrário à sua personalidade, passa a dialogar com um universo paralelo, somente seu. Ao visitar a casa onde viveu a infância, traz à cena suas memórias e fragmentos de lembranças. Recordações da convivência com o Pai, a Mãe e a Irmã envolvem o espectador em seus conflitos e perturbações. Numa imersão não cronológica, oscilando entre presente e passado, Júlio revive relações familiares e os efeitos destas sobre sua individualidade. Quadros de memória vão se encaixando como um quebra cabeça ao mesmo tempo em que abre diversas possibilidades de entendimento sobre o que realmente aconteceu no seio desta família.

Ficha técnica
Espetáculo: Um Verão Familiar
Com a Cia. dos Inquietos
Texto: João Fábio Cabral
Direção e cenografia: Eric Lenate
Elenco: Ed Moraes (Júlio) e atores convidados: João Bourbonnais (Miguel, o pai), Lavínia Pannunzio (Mãe) e Renata Guida (Maria, a Irmã).
Assist. de direção e direção de palco: Diego Dac
Iluminação: Aline Santini
Figurino: Rosângela Ribeiro
Trilha sonora original: Fernanda Maia (piano) e Beatriz Navarro (violoncelo)
Cenotécnica: PalhaAssada Atelier
Vídeos: Fabi Loyola
Fotos: Gustavo Porto
Operação de som: Pedro Fontana
Operadora de Luz: Pilar C. Valdelvir
Costureira: Noeme Costa
Produção: Cia dos Inquietos
Coprodução: Arrumadinho Produções Artísticas
Produção Executiva: Palipalan Arte e Cultura-Renata Pimenta
Direção de produção e coordenação geral de projeto: Ed Moraes

Serviço
Estreia: 16 de agosto – quinta-feira – às 21h30
SESC Belenzinho - www.sescsp.org.br/belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho/SP - Tel: (11) 2076-9700
Sala de Espetáculos I (120 Lugares)
Temporada: 16 de agosto a 9 de setembro de 2012.
Quinta a sábado (às 21h30), domingo e feriado/7 de setembro (às 18h30)
Ingressos: R$ 24,00, R$ 12,00 (usuário matriculado, +60 anos, estudantes e professores da rede pública) e R$ 6,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado).
Gênero: Drama - Classificação etária: 16 anos - Duração: 1h20
Estacionamento: R$ 6,00 (não matriculado) e R$ 3,00 (matriculado).


João Fábio Cabral – autor

João Fábio Cabral é dramaturgo, ator, diretor e roteirista. Foi integrante do grupo Cemitério de Automóveis, onde participou de vários espetáculos. Reconhecido representante da dramaturgia contemporânea, seus textos encenados são: Rosa de VidroFlores BrancasUm lugar Que Nunca TiveDelicadezaTantoAguardo Notícias da PolôniaSobre a Neve em Frente à Torre EiffelMe Leva Pra Casa e Distante, entre muitos outros. Como roteirista assina, ao lado de Leandro Godinho, o curta metragem Darluz - adaptação da obra de Marcelino Freire, com direção de Leandro Godinho. O filme é ganhador de 35 prêmios, entre eles de Melhor Roteiro nos Festival de Pernambuco e Rio Grande do Sul.

Eric Lenate - diretor

Eric Lenate é ator e diretor de teatro com uma trajetória de mais de 10 anos. Por quatro anos fez parte do Grupo Teatral do Colégio Progresso, A Trupe D’Uou, quando teve as primeiras experiências como ator, diretor, cenógrafo e figurinista, além de receber prêmios de melhor cenógrafo, melhor ator e melhor figurinista. Profissionalmente, trabalhou com Reginaldo Nascimento (Teatro Kaus Cia. Experimental), Mário Bortolotto (Cemitério de Automóveis) e CPT (Centro de Pesquisa Teatral com direção Antunes Filho). Foram quatro anos em contato com Antunes, sendo inclusive coordenador do Núcleo de Cenografia e atuando nas montagens do Grupo Macunaíma: O Canto de GregórioA Pedra do Reino eSenhora dos Afogados. No CPT dirigiu sua primeira peça, O Céu 5 Minutos Antes da Tempestade, de Silvia Gómez, indicado aos prêmios Qualidade Brasil (Melhor Espetáculo) e Shell (Melhor Atriz para Paula Arruda), além de ser eleito pelo público como um dos três melhores trabalhos no FIT de São José do Rio Preto.

Em 2009, inicia a fase de diretor independente, dirigindo os espetáculos Natureza Morta, de Mário Viana, e Celebração, de Harold Pinter, premiado como melhor espetáculo no 13º Cultura Inglesa Festival. Na sequência, integrou o elenco de Sideman, de Warren Leight, e Cabul, de Tony Kuschner, ambos com direção de Zé Henrique de Paula. Eric Lenate assina a direção e cenografia de Limpe Todo o Sangue Antes que Manche o Carpete, de Jô Bilac, da Cia. dos Inquietos, além de dirigir diversas leituras dramáticas para diferentes projetos culturais e participou de dezenas de festivais de artes cênicas pelo Brasil.

Cia. dos Inquietos

A Cia. dos Inquietos - um coletivo em movimento, como preferem ser chamados - é um espaço de pesquisa que surgiu, em 2009, com a junção de integrantes oriundos de diversas companhias e grupos teatrais. Unidos pelas mesmas inquietações, resolveram se debruçar na pesquisa sobre o comportamento do homem contemporâneo e as relações estabelecidas nos dia de hoje, fator que vem de encontro à relação do grupo com a arte que produzem.

O primeiro trabalho foi realizado à convite do dramaturgo carioca Jô Bilac, para montagem do texto Limpe Todo o Sangue Antes Que Manche o Carpete, que estreou em abril de 2011 e continua em repertório até dezembro de 2012 com apresentações em eventos como FIT - Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto SP, FIT - Festival Internacional de Teatro Dourados (MS), mostra Encena Jacarezinho (PR), João Pessoa –(PB), além de apresentações agendadas em 20 cidades do Estado de São Paulo.

Em 2012, surgiu o convite para uma nova montagem vindo de outro representante da nova geração de autores: João Fábio Cabral, dramaturgo com mais de 40 textos teatrais escritos, diversos deles montados entre eles: Rosa de Vidro (dir. Ruy Cortez), Delicadeza (dir. Marcos Loureiro),TantoAguardo Notícias da Polônia e Melodia Cinza dirigido (dirigidos por ele próprio), entre outros. Assim nasceu a montagem de Um Verão Familiar, que motivou a companhia tanto pela dramaturgia quanto pela abordagem da sociedade  contemporânea.

Como um coletivo em movimento, atores e técnicos participam como profissionais convidados, integrantes ocupam novas funções e tudo o mais que for necessário para dar vida às obras.

Assessoria de Imprensa – SESC BELENZINHO
Jacqueline Guerra: (11) 2076-9762
Sueli Freitas: (11) 2076-9761

Verbena Comunicação
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